Que impacto as restrições impostas pela COVID-19 teve no progresso de tecnologias educacionais? Essa é uma questão que não desperta apenas o interesse de empresários e investidores.
Professores e outros representantes do sistema de ensino também estão de olho nas próximas soluções tecnológicas do setor. Particularmente, porque essas soluções provavelmente permanecerão e mudarão a forma de ensinar e aprender ao longo da próxima década.
Certamente, ainda há alguma resistência contra as chamadas EdTechs (empresas de educação que utilização a tecnologia como ferramenta de ensino). Entretanto, após a pandemia, muitas EdTechs tiveram a chance de mostrar o que têm a oferecer.
Fechamento de escolas em todo o mundo
Durante o pico da crise, escolas em todo o mundo tiveram que fechar suas portas. Assim, professores, alunos e pais foram forçados a embarcar no enorme desafio do ensino à distância.
De acordo com a agência de educação das Nações Unidas, cerca de 91% dos alunos do mundo foram afetados pelo fechamento de escolas. Além disso, a pandemia também aumentou as desigualdades dentro dos sistemas de educação.
Por exemplo, as lacunas entre as escolas de maioria branca nos Estados Unidos aumentaram em relação as divisões urbano-rurais preexistentes no Brasil.
Efeitos no sistema educacional brasileiro
O Centro de Inovação da Educação Brasileira (CIEB) analisou como o corpo docente tem utilizado soluções tecnológicas e EdTech para manter contato com os alunos.
Após o relatório final, foi constatado que a maioria enviou materiais digitais ou orientações genéricas via redes sociais ou produziu vídeo-aulas, que os alunos puderam acessar por meio de seus dispositivos móveis.
Um fator que pode explicar a dificuldade de adaptação dos professores à tecnologia educacional é que o ensino à distância no Brasil é permitido no ensino universitário, mas ainda não era regulamentado no ensino fundamental.
Os principais desafios dos professores brasileiros
O mesmo relatório do CIEB aponta que o sistema educacional do país ainda carece de melhorias significativas no que diz respeito à implementação de tecnologia da informação.
A maioria das secretarias estaduais de educação do país não possui uma plataforma ou metodologia estabelecida para oferta de aulas remotas ou utilização de tecnologia em seu método de ensino.
Essa é uma diferença clara em comparação a nações mais desenvolvidas que já utilizam ferramentas de realidade aumentada (AR), gamificação do ensino com jogos como Anagram Solver e Scrabble Word Finder e inteligência artificial (IA) para a personalização da jornada de aprendizagem dos alunos.
Além disso, muitos professores brasileiros carecem de treinamento adequado sobre como adotar tecnologias educacionais, como as que citamos acima, durante as aulas.
Novos desafios aguardam startups de EdTech no Brasil
De acordo com o estudo “Mapeamento Edtech: Investigação sobre as startups de tecnologia educacional (2019)”, ou seja, antes da pandemia, a Associação Brasileira de Startup (Abstartup), o país registrava 449 startups de EdTech.
Isso representava um aumento de 23% em relação à coleta de dados em 2018. Entretanto, no estudo mais recente o número saltou para 566 (um aumento de 26% durante a pandemia).
Em relação aos perfis, as empresas que oferecem Software as a Service (SaaS) dominam o mercado. Além disso, a maioria atendem à educação básica, contudo, a educação corporativa vem ganhando cada vez mais mercado e representa também uma parcela significativa do ecossistema.
Por fim, nos próximos anos, as empresas de EdTech no Brasil terão que lidar principalmente com como ingressar no setor de escolas públicas. Outro desafio será como chegar a esses alunos, principalmente da zona rural, que hoje não têm ou têm pouco acesso à internet.