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Reino do Butão investe na mineração de bitcoins

em Tecnologia
terça-feira, 28 de novembro de 2023

O reino do Butão, situado quase todo no Himalaia, tem cerca de 850 mil habitantes e uma área um pouco menor que a do estado do Rio de Janeiro.

Vivaldo José Breternitz (*)

A revista Forbes revelou que o país implantou uma série de instalações para mineração de bitcoins. A publicação chegou a essa conclusão analisando imagens de satélites e ouvindo fontes locais.

As imagens de satélite mostram grandes data centers e seus sistemas de refrigeração instalados em meio a densas florestas e terrenos montanhosos. Outras imagens mostram linhas de transmissão de energia partindo de usinas hidrelétricas até os data centers. Segundo a Forbes, os trabalhos para instalação dessas estruturas começaram em 2020.

Um desses data centers está localizado perto do passo de Dochula, uma área famosa por seus santuários; outros estão em Trongsa, uma cidade montanhosa no centro do país, em Dagana no sul, e em uma área chamada “Cidade da Educação”, onde um projeto governamental de US$ 1 bilhão, que não foi à frente, pretendia instalar escolas de diversos tipos.

A mineração de bitcoins é um processo que consome muita energia, o que fez que o país, que historicamente vendia seu excedente de energia hidroelétrica à Índia, tivesse que importar 20,7 milhões de dólares de eletricidade em 2023.

O rei do Butão, Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, é fascinado por bitcoins e espera que eles ajudem a evitar que o país entre em uma crise econômica.

O Butão, que já foi chamado “a última Shangri-la”, sofre com o declínio do turismo ocorrido a partir da pandemia da COVID-19 e com o aumento do desemprego, o que tem feito com que cidadãos mais qualificados saiam do país.

Não se sabe se o objetivo do governo do Butão ao investir na mineração da criptomoeda é apenas evitar uma crise econômica ou se pretende, de forma similar ao que fez El Salvador, adotar o bitcoin como uma moeda oficial; nesse país, os resultados não tem sido animadores.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.