A Qualcomm é uma grande empresa americana que entre outros produtos, fabrica chips e processadores utilizados em celulares e que, ao que consta, planeja retornar ao mercado de chips para servidores, quatro anos após ter saído desse segmento.
Vivaldo José Breternitz (*)
Correm rumores que a Amazon Web Services, líder em prestação de serviços de nuvem, pretende utilizar o novo produto – a empresa é uma grande usuária de chips e de hardware para data centers.
Os novos chips são baseados em tecnologia que a empresa obteve ao adquirir por US$ 1,4 bilhão a startup Nuvia no ano passado. A Nuvia foi criada em 2019; seu CEO Gerard Williams III trabalhou anteriormente na Apple como chefe da equipe de arquitetura de unidades centrais de processamento.
Antes de ser comprada, a Nuvia vinha trabalhando em um processador para servidores que, segundo ela, teria desempenho que chegaria a ser entre 50% e 100% maior que o dos concorrentes, consumindo menos energia.
Nos últimos tempos, apesar de focada em celulares, a Qualcomm procurou atuar também em outros segmentos, buscando crescimento de receitas ao lançar uma série de chips para carros inteligentes e hardware destinado a operadoras 5G; adquiriu também a fornecedora de tecnologia veicular Veoneer por US$ 4,5 bilhões.
Esses esforços tem trazido resultados, tendo a empresa no último trimestre surpreendido o mercado ao obter receitas de quase US$ 11 bilhões, 37% superiores às do mesmo período do ano passado; retornar ao mercado de servidores pode ajudar a Qualcomm a avançar em sua busca por crescimento de receita.
A volta da Qualcomm a esse mercado fará com que a Intel e a AMD, os dois principais players nesse segmento, passem a enfrentar mais concorrência, além da que vinham sofrendo com a presença da startup Ampere Computing e da Nvidia, que oferecem produtos baseados em projetos da britânica ARM.
É briga de cachorro grande, em um mercado que anda extremamente agitado.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.