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Qualcomm fraudada por antigo executivo

em Tecnologia
segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A Qualcomm é uma grande empresa americana que, entre outros produtos, fabrica chips e processadores utilizados em celulares

Vivaldo José Breternitz (*)

Ela foi à justiça acusando seu ex-vice presidente de pesquisa e desenvolvimento de criar e vender-lhe fraudulentamente uma startup, por US$ 150 milhões.

A acusação diz que nos termos do contrato que o executivo Karim Arabi mantinha com a Qualcomm, qualquer coisa que ele criasse enquanto trabalhava para a empresa seria de propriedade dela e que o mesmo criou uma nova tecnologia na área de microchips, sem revelar o fato à empresa.

A seguir, com a ajuda de outro ex-vice-presidente da Qualcomm, Akbar Shokouhi, fundou uma startup chamada Abreezio LLC, que alegou ter desenvolvido a tecnologia; outro dos envolvidos no golpe, Sanjiv Taneja, aparecia como CEO da startup.

A Abreezio se dizia financiada por investidores anjo e caracterizou a nova tecnologia como uma criação da irmã mais nova de Arabi, Sheida Alan, uma estudante canadense de pós-graduação.

Documentos apresentados à justiça alegam que Arabi registrou patentes provisórias para a tecnologia que havia desenvolvido sob o nome de sua irmã, e que ele estava profundamente envolvido no esquema, até ajudando a escolher o nome comercial do produto. Os envolvidos buscavam esconder seu envolvimento, usando contas de e-mail falsas, inclusive com Arabi enviando mensagens em nome de Sheida.

O passo seguinte foi oferecer a tecnologia à Qualcomm, que acabou adquirindo a Abreezio por US$ 150 milhões, que foram divididos entre os golpistas, que a seguir procuraram lavar o dinheiro com a aquisição de imóveis no estrangeiro e empréstimos simulados.

Todos os envolvidos foram presos e podem receber até 20 anos de prisão e multas de US$ 250 mil, perdendo também os bens adquiridos com o dinheiro ganho com a fraude.

Especialistas dizem que casos como esse são relativamente comuns – já tivemos conhecimento de um ocorrido no Brasil – e que sua descoberta normalmente ocorre não por processos de auditoria, mas através de delação de um dos fraudadores, quando se sente enganado pelos seus comparsas.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.