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Produto ganhador do prêmio Ig Nobel passa a ser comercializado

em Tecnologia
quarta-feira, 29 de maio de 2024

O Ig Nobel é uma premiação anual criada pela revista de humor científico Annals of Improbable Research (algo como Anais da Pesquisa Improvável). O prêmio é concedido a autores de pesquisas e descobertas pouco convencionais nas áreas de ciências, finanças, tecnologia e outras.

Vivaldo José Breternitz (*)

O nome do prêmio é uma alusão ao adjetivo “ignóbil”, do latim “ignobilis”, que pode significar algo como de pouco valor ou pouco nobre. Alguns ganhadores do prêmio desenvolveram estudos visando determinar se orgasmos podem ser tão efetivos quanto descongestionantes nasais e sobre métodos para controlar a população de baratas em submarinos.

O lema do prêmio é “fazer primeiro as pessoas rirem e depois pensarem”. Ou seja, o objetivo do Ig Nobel não é ridicularizar a ciência, mas sim celebrar o lado divertido e inusitado da pesquisa científica, e estimular o interesse das pessoas pela ciência de forma leve e descontraída.

A cerimônia de premiação é realizada anualmente na Harvard University e é um evento bem-humorado e festivo, com a presença de vencedores do Prêmio Nobel, que entregam os prêmios.

A Kirin, gigante japonesa da área de bebidas está começando a vender um produto que ganhou o Ig Nobel: é uma colher elétrica que, segundo os cientistas que a desenvolveram, pode promover uma alimentação mais saudável realçando o sabor salgado natural dos alimentos, sem adição de sal.

A Kirin vendeu uma edição limitada dessas colheres por cerca de US$ 130 cada uma, mas espera ter 1 milhão de usuários em cinco anos.

A colher, feita de plástico e metal, funciona com uma bateria de lítio recarregável, foi desenvolvida pelos professores Homei Miyashita e Hiromi Nakamura, da Meiji University, de Tóquio, que haviam desenvolvido anteriormente hashis elétricos, que tinham o mesmo objetivo; a ideia é que a eletricidade que passa pela colher concentre na língua os íons de sódio contidos nos alimentos, realçando a sensação de salgado da comida.

A Kirin, que está mudando seu foco da área de cerveja para a área da saúde, disse que a tecnologia tem particular importância no Japão, onde o adulto médio consome cerca de 10 gramas de sal por dia, o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde – o consumo excessivo de sal está relacionado ao aumento da incidência de pressão alta, derrames e outras doenças.

“O Japão tem uma cultura alimentar que tende a favorecer sabores salgados”, disse a Kirin em comunicado à imprensa, afirmando também que “os japoneses precisam reduzir a ingestão de sal, mas pode ser difícil afastá-los do que estão acostumados a comer. Foi isso que nos levou a desenvolver a colher elétrica”.

Miyashita e Nakamura, receberam o Prêmio Ig Nobel das mãos do imunologista e Prêmio Nobel de medicina Peter Doherty.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].