O Departamento de Polícia de São Francisco – San Francisco Police Department (SFPD), está solicitando ao Board of Supervisors, uma espécie de Câmara Municipal, permissão para utilizar robôs com capacidade de matar pessoas que a Polícia considere estarem ameaçando a vida de outros em situações em que não houver alternativa para contenção dessas ameaças.
Vivaldo José Breternitz (*)
Segundo o SFPD, caso a autorização seja concedida, será possível eliminar dos arsenais da polícia fuzis de assalto e outras armas militares, pela mudança das estratégias de enfrentamento de ameaças.
O uso de robôs assassinos, como essas máquinas vem sendo chamadas, e especialmente quando controlados por inteligências artificiais, tem despertado a preocupação de especialistas civis e militares.
Essa preocupação é compartilhada por alguns membros do Board of Supervisors, que votarão a solicitação em 29 de novembro próximo; outros membros do Board, como Aaron Peskin, dizem que “pode haver cenários em que o emprego de força letal seja a única opção”.
O SFPD atualmente mantém robôs remotamente controlados que são usados para inspeção em áreas de risco e neutralização de bombas; essas máquinas podem ser adaptadas para uso de armamento letal, vindo a utilizar lançadores de granadas, metralhadoras e até mesmo um fuzil de calibre .50.
Cabe lembrar que os robôs assassinos, tecnicamente chamados armas letais autônomas, são cada vez mais comuns na guerra moderna. As minas antipessoal, que podem ser consideradas uma das primeiras armas autônomas, foram banidas em 1997, embora ainda existam milhares, ou talvez milhões delas no solo, frequentemente matando ou aleijando pessoas.
Armas ofensivas autônomas, como drones de combate, são usados há anos, mas quase sempre exigem que um operador humano tome a decisão de atirar.
Agora, o SFPD – o mesmo departamento que faz a cidade gastar regularmente fortunas a título de indenização por uso excessivo da força e se opõe ativamente a investigações sobre suas ações violentas, quer ter poderes de vida ou morte na cidade de São Francisco.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.