Um estudo recém lançado pela Unctad, a agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento prevê que o mercado global da IA alcançará, até 2033, 4,8 trilhões de dólares, mais ou menos o tamanho da economia alemã, e poderá impactar de alguma forma 40% dos postos de trabalho do mundo.
Vivaldo José Breternitz (*)
No entanto, um dos pontos mais importantes do relatório afirma que está se configurando na área um oligopólio, ou seja, uma situação de mercado em que um pequeno número de entidades detém uma parcela muito grande do poder.
Segundo o relatório, são indicativos dessa situação o fato de que apenas cem empresas, principalmente americanas e chinesas, representarem 40% dos gastos globais em pesquisa e desenvolvimento.
Cada um dos principais gigantes da tecnologia, como Apple, Nvidia e Microsoft, têm valor de mercado próximo a 3 trilhões de dólares, rivalizando com o produto interno bruto de todo o continente africano.
Essa situação poderá ampliar os desníveis tecnológicos, deixando muitas nações em risco de perderem os benefícios trazidos pela IA e agravando os riscos de perda de postos de trabalho nessas nações – não apenas no que se refere a trabalhos manuais, mas também intelectuais.
A Unctad observa também que menos de um terço dos países em desenvolvimento possui estratégias de inteligência artificial, e que além de definir essas estratégias, é preciso investir em infraestrutura e educação, para garantir que a IA beneficie a todos.
Em nosso país há muito a fazer, e a sociedade como um todo precisa se conscientizar dessa realidade, o que parece não estar acontecendo, pois o que se vê por aqui são poucas pessoas estudando e muitas usando IA para criar bonequinhos estilo Lego…
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
