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O videodisco, um grande fracasso

em Tecnologia
quinta-feira, 29 de junho de 2023

Na área de tecnologia é frequente que produtos nos quais os fabricantes depositam muitas esperanças fracassem espetacularmente.

Vivaldo José Breternitz (*)

Um desses fracassos foi o do videodisco SelectaVision. Ansiosamente aguardado pelo mercado, foi lançado em 1981 pela RCA, que gastou 15 anos e US$ 200 milhões (hoje cerca de US$ 670 milhões) em seu desenvolvimento.  

O videodisco era um disco de vinil de 12 polegadas que armazenava vídeos (filmes e shows, principalmente) a serem assistidos em aparelhos de TV. Chegou a cinco mil lojas espalhadas pelos Estados Unidos em março daquele ano, embalado por uma campanha publicitária batizada “National Demonstration Week” e que custou US$ 20 milhões, hoje cerca de US$ 67 milhões.

O videodisco tinha vantagens sobre as fitas de vídeo da época, especialmente imagem e som muito melhores. Havia também um serviço diferenciado: se a loja não tivesse em estoque o disco desejado pelo cliente, a RCA o enviava rapidamente pelo correio – era um ponto favorável às lojas: não era necessário manter um grande estoque de discos.

Mas havia problemas: o aparelho custava cerca de US$ 500 (hoje cerca de US$ 1.700) e os discos variavam entre 15 e 30 dólares, muito dinheiro para a época – hoje esses preços estariam entre 50 e 100 dólares, aproximadamente.

A RCA esperava vender 200 mil desses aparelhos em 1981 e acreditava que o equipamento poderia em dez anos estar em 50% das residências americanas, gerando negócios da ordem de US$ 7,5 bilhões ao ano – US$ 25 bilhões de hoje.

Isso não aconteceu – o preço era alto e uma nova tecnologia despontava no horizonte, muito mais barata e ainda melhor em termos de qualidade: o CD. Além disso, as fitas de vídeo, principalmente por facilitarem a pirataria, não saíram do gosto do consumidor.

Em três anos a RCA conseguiu vender cerca de 550 mil aparelhos – em 1984, retirou o produto de linha, tendo perdido valor atualmente equivalente a US$ 5 bilhões no projeto, o que ajudou a empresa a quebrar e ser adquirida pela General Electric.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.