Ultimamente a sigla ESG (environmental, social, and corporate governance) tem ganhado grande destaque, graças a uma preocupação crescente do mercado com a sustentabilidade. Os fatores ambientais, sociais e de governança passaram a ser considerados essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, impondo forte pressão sobre o setor empresarial. A aparente novidade gerou uma corrida das organizações para entender o que é ESG e como estar em conformidade com suas exigências.
Vamos nos deter aqui na dimensão ambiental (o E de ESG) e na contribuição que a tecnologia, mais especificamente o processo eletrônico, pode dar. A agenda ESG está relacionada com o Pacto Global da ONU e o fator meio ambiente se relaciona com três dos seus dez princípios, sendo eles:
- Assumir práticas que adotem uma abordagem preventiva, responsável e proativa para os desafios ambientais;
- Desenvolver iniciativas e práticas para promover e disseminar a responsabilidade socioambiental;
- Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente responsáveis.
O processo eletrônico, por sua vez, consiste na automação de processos de negócio que, na maioria das vezes, traz como consequência a extinção do uso do papel, tornando o processo paperless. A automação de processos é parte essencial das jornadas de transformação digital das organizações e, para fins de análise de caso, examinaremos seu impacto ambiental no Poder Judiciário brasileiro. Isso porque, sem qualquer dúvida, é o segmento do setor público que encarou o pioneirismo e hoje colhe excelentes resultados em iniciativas de processo judicial eletrônico.
Dentre tais resultados – como facilidades para o cidadão, maior celeridade processual e economia de recursos -, o ganho ambiental merece atenção especial. Considerando que em cada processo judicial físico são utilizadas, em média, 100 folhas de papel e que uma árvore produz, aproximadamente, 10 mil folhas, concluímos que cada 100 processos tornados eletrônicos evitam o corte de uma árvore.
Por outro lado, cada tonelada de papel fabricado consome 600 mil litros de água e 1.470 kWh de energia. Isso mostra que o impacto positivo de um sistema como o Processo Judicial Eletrônico (PJe) traz ao meio ambiente vai muito além da economia de papel.
Segundo o relatório Justiça em Números 2022 (CNJ), 97,2% dos novos processos ingressaram na Justiça em formato eletrônico em 2021: foram 27 milhões de casos novos ingressados por meio virtual.
Isso significa que 270 mil árvores, 8,1 bilhões de litros de água e 19,8 MWh de energia (equivalentes ao consumo anual de 8.251 brasileiros) foram poupados. Se considerarmos apenas a economia direta proporcionada pela eliminação do papel, o Judiciário brasileiro e as partes dos processos economizaram anualmente, juntas, R$ 162 milhões!
À medida que as organizações transformam seus processos físicos em processos digitais, reduzem gastos, geram economia e contribuem significativamente com o meio ambiente. A economia, porém, vai muito além da eliminação de papel. Também implica na redução dos gastos com impressão e outsourcing de impressoras, do consumo de combustível, uma vez que são eliminados deslocamentos para movimentar processos físicos entre diferentes endereços, idem quanto a despesas postais para notificações e comunicações entre partes envolvidas nos processos.
Portanto, a automação de processos, sobretudo aqueles intensivos em documentos, contribui para um planeta mais sustentável que, por sua vez, proporciona melhor qualidade de vida para todos.
(Fonte: Jorge Santana é fundador da Infox Tecnologia da Informação, empresa responsável pela concepção e criação do Sistema de Processo Judicial Eletrônico (PJe) e da plataforma infox.bpm).