O cientista da computação Geoffrey Hinton recebeu o Prêmio Nobel de Física deste ano por seu trabalho na área de Inteligência Artificial, mais especificamente no campo de deep learning, técnica inspirada na estrutura e funcionamento do cérebro humano que permite aos computadores reconhecerem padrões complexos em dados não estruturados, como imagens, texto e som.
Vivaldo José Breternitz (*)
Hinton trabalhou para o Google, que agora vê mais dois profissionais a ele ligados receberem o Nobel, desta vez, de Química. Esses profissionais, Demis Hassabis e John Jumper, foram premiados por suas pesquisas envolvendo o uso de Inteligência Artificial para descobrir as estruturas de proteínas e dividiram o prêmio com David Baker, um professor de bioquímica na Universidade de Washington que desenvolve pesquisas na área de design computacional de proteínas.
O impacto potencial de pesquisas nessa área é enorme; as proteínas são fundamentais para a vida, mas entendê-las envolve descobrir sua estrutura – um quebra-cabeças muito difícil de ser resolvido – às vezes gasta-se meses ou anos para decifrar para cada tipo de proteína, e existem milhões, talvez bilhões de diferentes proteínas.
Ao reduzir o tempo necessário para descobrir a estrutura de uma proteína, ferramentas computacionais como as desenvolvidas pelos premiados deste ano estão ajudando os cientistas a desenvolver mais rapidamente novas vacinas e medicamentos, acelerar a pesquisa para a cura do câncer e até mesmo, em outras áreas, levar a materiais completamente novos.
Notícias como essas levam-nos à certeza de que Inteligência Artificial não é apenas um modismo, mas sim algo muito importante para a humanidade – mas que deve ser controlada, pois pode também ser usada para o mal.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].