112 views 3 mins

Más notícias não são exclusividade do Brasil

em Tecnologia
segunda-feira, 05 de setembro de 2022

Infelizmente temos em nosso país muitas pessoas que se julgam extremamente bem informadas apenas por navegarem diariamente nas redes sociais.

Vivaldo José Breternitz (*)

Incapazes de buscarem informações na imprensa séria, quer pela dificuldade de entenderem textos um pouco mais elaborados ou em outros idiomas, vibram quando encontram “notícias” ruins acerca de nosso país e imediatamente compartilham-nas, geralmente acompanhadas por poucas palavras, em um português ruim – é o máximo que conseguem fazer.

O portal da Nature, uma respeitadíssima revista científica britânica, publicada desde 1869, trouxe duas notícias que caso se referissem ao Brasil, fariam nossos profetas do apocalipse “sentarem o dedo” – expressão usada nas redes para o ato de compartilhar uma postagem ao máximo.

A primeira dessas notícias aborda os incêndios florestais ocorridos na Austrália entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020. Esses eventos causaram a elevação da temperatura e provavelmente aumentaram o tamanho do buraco na camada de ozônio sobre a Antártida – a camada de ozônio protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol.

Dados coletados por satélites mostram que as nuvens de fumaça que chegaram à atmosfera causaram um aumento médio de 3°C nas temperaturas sobre a Austrália e de 0,7°C globalmente, durante quatro meses.

A outra notícia dá conta que a expectativa de vida nos Estados Unidos caiu novamente: os bebês nascidos naquele país neste ano têm uma expectativa de vida de 76 anos – a menor desde 1996.

Este é o segundo ano consecutivo de declínio, impulsionado pela pandemia, uso de drogas e acidentes. Os índios americanos e os nativos do Alasca foram particularmente atingidos: sua expectativa de vida é de 65 anos.

No Brasil, o IBGE informa que a expectativa de vida da população masculina nascida em 2022 é de 72 anos para os homens e 79 para mulheres; para o conjunto da população, 74 anos, apesar das desgraças compartilhadas pelos profetas do apocalipse.

Nosso país tem problemas sérios, que precisam ser resolvidos, com trabalho e bom senso – “sentar o dedo” não ajuda em nada.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.