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Lixo espacial é um problema cada vez mais sério

em Tecnologia
segunda-feira, 03 de junho de 2024

A Scientific American é uma das mais importantes revistas de divulgação científica de todo mundo e publicou em sua edição de maio uma interessante e preocupante matéria sobre lixo espacial.

Vivaldo José Breternitz (*)

Segundo a publicação, a Força Aérea americana monitora mais de 25 mil peças de lixo espacial maiores que dez centímetros que giram em órbita da Terra; o peso total desse material está ao redor de nove mil toneladas. Essa montanha de metal move-se a uma velocidade de aproximadamente 10 quilômetros por segundo, ou mais de 22.000 quilômetros por hora.

Peças menores de lixo rotineiramente atingem satélites, gerando prejuízos da ordem de US$ 100 milhões por ano, especialmente em função de paralisação de serviços. Esses números tendem a aumentar à medida em que cresce o número de satélites que vem sendo lançados e ao fato de cada colisão gerar mais lixo. Ainda não aconteceram perdas totais de satélites devido a essas colisões, mas a probabilidade de que elas aconteçam segue crescendo.

Já foram registrados casos de queda de restos de satélites sobre áreas habitadas, causando prejuízos, embora pequenos. Não se tem notícia de pessoas mortas ou feridas por esses restos, mas um estudo de 2022 publicado pela revista Nature Astronomy, diz que as chances de que isso aconteça crescem 10% a cada ano.

Há um tratado assinado em 1967, o Outer Space Treaty, que prevê que os países são responsáveis por danos causados por lixo originário de naves e satélites que tenham lançado. Esse tratado, porém, foi celebrado quando vivíamos uma realidade totalmente diferente da atual, inclusive sem a presença de empresas privadas participando da exploração do espaço.

Neste momento, quase 10 mil satélites orbitam a Terra, contra 6.500 há três anos. Desses 10 mil, cerca de 6 mil foram lançados pela Starlink, do bilionário Elon Musk, que pretende ter 42 mil satélites em operação; tudo isso aumenta as probabilidades de colisões, o que traz a necessidade de melhores regras para evitar que poluamos a órbita da Terra da mesma forma que estamos poluindo a própria Terra.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].