Enquanto a tecnologia 5G começa chegar ao mercado – no Brasil de forma extremamente lenta – em alguns lugares do mundo, especialmente na Coréia do Sul, já se começa a falar em 6G.
Vivaldo José Breternitz (*)
Dado que o uso de 5G ainda está em estágio inicial, a maioria das pessoas provavelmente está se perguntando o que significa 6G neste momento? E a resposta pode ser: não muita coisa. 6G é ainda pouco mais que um nome provável para a próxima geração de redes de celulares, cujo desenvolvimento está em estágio inicial e, possivelmente, não vai se transformar em nada palpável nos próximos anos; a Samsung acredita que apenas ao redor de 2030 essa tecnologia começará a chegar ao grande público.
Quando se fala em novas gerações de tecnologia celular, dois pontos são logo lembrados: o primeiro, a velocidade de transferência de dados, que em 6G estará ao redor de 1.000 gigabits por segundo, 50 vezes maior que a de 5G. O segundo ponto, a latência, tempo decorrido entre a emissão de um comando e sua execução, que em 6G deve ser de 100 microssegundos, 10% do tempo de latência de 5G.
Também se espera que 6G torne a conectividade mais confiável e robusta, permitindo mais segurança no uso de veículos terrestres autônomos e drones. Também serão impulsionadas a realidade estendida, um termo amplo que engloba as realidades virtual, aumentada e mista, bem como o uso de hologramas e de gêmeos digitais, impactando inúmeros campos, desde o lazer até a medicina, passando pela educação, pela indústria e evidentemente pela área militar, na qual as pesquisas são sempre intensas. Fazer previsões a respeito do que 6G viabilizará é arriscado, em um momento em que para a própria tecnologia 5G ainda há casos de uso não pensados.
Espera-se que 6G torne a conectividade mais confiável e robusta, permitindo mais segurança no uso de veículos terrestres autônomos e drones.
Do ponto de vista de estratégia de implementação, acredita-se que, ao menos no início, 6G será uma ferramenta que empresas deverão adotar pensando em aumento da eficiência, menores custos e na busca de novas oportunidades de negócios, que serão alavancadas por deverem existir em 2030, 500 bilhões de dispositivos conectados. Esse número será 50 vezes maior que a população de 8,5 bilhões esperada para aquele ano. A busca por usuários pessoas físicas ainda parece não ser prioritária, como foi até a 4G.
Alguns problemas já podem ser vislumbrados: como 6G operará em largura de banda na faixa dos terahertz será necessário um número ainda maior de antenas – se no Brasil há dificuldades para instalação de antenas que atendam a 4G, a situação será ainda pior para 5G e 6G. Essa necessidade deriva do fato de que as ondas na faixa dos terahertz terem alcance muito curto e dificuldade para superar obstáculos como metais e paredes, por exemplo. Certamente serão levantadas questões relativas a perigos para a saúde trazidos por essas ondas, como está acontecendo com 5G. Novos aparelhos celulares também serão necessários, como estão sendo no caso de 5G.
Ao que parece, passarão muitos anos até que a rede móvel da sexta geração seja algo incorporado ao nosso cotidiano; apesar disso, acadêmicos e profissionais devem acompanhar a evolução do assunto – se não o fizerem podem acabar sendo atropelados pelos fatos.
(*) É Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.