Vivaldo José Breternitz (*)
À medida que as tensões entre a China e Taiwan continuam a aumentar, especialistas estão prevendo que a ilha será invadida pelos chineses nos próximos anos. Se isso ocorrer, “causará o maior impacto de todos os tempos na economia global” disse Glenn O’Donnell, vice-presidente e diretor de pesquisa do grupo Forrester.
Parte desse impacto adviria da destruição, pelos Estados Unidos, das fábricas de semicondutores taiwanesas, para evitar que a China as tome. Quem fez essa afirmação foi Robert O’Brien, que serviu como conselheiro de segurança nacional no governo Trump.
Segundo ele, os americanos e seus aliados jamais permitirão que essas instalações caiam em mãos chinesas. Dentre essas fábricas, estão as da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior produtora mundial de chips, respondendo por cerca de 90% do mercado de processadores avançados. A TSMC produz a maioria dos 1,4 bilhão de processadores de smartphones utilizados no mundo; cerca de 60% das montadoras de automóveis também usam os chips da TSMC.
Além desses, a empresa produz também chips mais avançados, usados em tecnologias como aprendizado de máquina e mísseis. O’Brien disse que se a China assumir o controle das fábricas da TSMC, será capaz de controlar a economia mundial e não apenas o mercado de chips.
Embora grande parte da pesquisa e desenvolvimento de semicondutores ocorra nos Estados Unidos, nos últimos 30 anos os fabricantes decidiram terceirizar a produção, levando a TSMC a atingir a posição que hoje ocupa – essa terceirização ocorreu em função de os custos de produção em Taiwan serem menores que os americanos.
O’Brien não é o primeiro a levantar a ideia de destruir as fábricas de chips de Taiwan se a China invadir o país. Um artigo publicado pela revista do US Army War College em 2021 recomenda que sejam traçados planos para uma estratégia de terra arrasada, que torne Taiwan não apenas pouco atraente se for tomada pela força, mas difícil de manter.
Fontes do governo de Taiwan disseram que a destruição das fábricas não seria necessaria, pois os projetos de chips avançados vem quase todos dos Estados Unidos e a TSMC para produzi-los necessita de componentes fornecidos por empresas de outros países alidados dos americanos, como a holandesa ASML, por exemplo – os chineses, sozinhos não conseguiriam desenvolver e fabricar os chips avançados.
De qualquer forma, fica claro que mais essa guerra seria trágica não apenas para os diretamente envolvidos, mas também para todo o restante do mundo.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.