Quando os grandes executivos de empresas de energia foram perguntados pela Utility Dive, (publicação líder do setor de energia dos Estados Unidos) sobre quais são as questões mais importantes que suas organizações enfrentam, 45% citaram “energias renováveis, sustentabilidade ou meio ambiente” como sua principal preocupação.
Ao mesmo tempo, um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA) apontou que o consumo global de energia cresce mais rápido do que o aumento da população. A realidade está remodelando o setor com a necessidade de produzir energia de forma mais sustentável, o que está impulsionando a indústria a repensar o fornecimento de energia do futuro.
Uma das partes essenciais para a transformação da geração de energia, não é tão óbvia: a análise de dados. A transição para a energia verde dependerá tanto de informações, quanto da produção de energia solar, de fazendas eólicas e usinas de hidrogênio. Há uma função crítica de gerenciamento de dados, serviços, experiência de domínio e tecnologias de nuvem para permitir essa transformação sustentável.
Diversas partes envolvidas
A transformação está ocorrendo rapidamente. No ano passado, a energia eólica foi responsável por mais de um terço de toda a capacidade de geração de energia dos EUA. Na Europa, o pacote Energia Limpa para todos os Europeus estabelece uma meta ambiciosa de 32% da energia proveniente de fontes renováveis até 2030. Em contrapartida, as usinas nucleares estão sendo desativadas.
As redes de fornecimento de energia são entidades complexas divididas em diversas partes. Elas incluem as usinas que geram energia, as linhas de transmissão que transportam essa energia por longas distâncias, e os sistemas de distribuição que levam eletricidade aos consumidores. Com o cenário atual, também estão surgindo microrredes em diversos lugares para atender à demanda de cada região. Uma microrrede é um grupo auto suficiente de fontes de energia que atendem às necessidades de uma determinada área ou local, algo parecido a um parque eólico em um campus universitário.
Com isso, as pessoas não serão apenas consumidores de eletricidade, mas também geradores. Os painéis solares de seus vizinhos não se limita apenas a alimentar as luzes, a máquina de lavar e outros cômodos da casa, já que o excesso de energia é devolvido à rede, graças às usinas de energia virtuais (VPPs), que são usinas de energia distribuídas baseadas em nuvem que estão otimizando e compartilhando o uso de energia elétrica entre prédios, complexos de escritórios, comunidades domésticas, indústrias e bairros.
Como resultado dessas mudanças, a própria natureza do que constitui uma geradora de energia também está sendo reconsiderada. Um grande campus como o da Apple ou da Microsoft pode gerar tanta energia de forma independente que tem potencial para competir com as empresas de energia tradicionais.
Em busca de previsibilidade
No atual cenário competitivo, com requisitos ambientais cada vez mais rigorosos, o uso inteligente de dados será fundamental. Para começar, um futuro com energia mais limpa dependerá de confiabilidade e previsibilidade. Hoje, no entanto, interrupções de fornecimento ainda acontecem devido ao calor ou frio extremos, grandes eventos climáticos e flutuações de demanda. Como as energias renováveis são variáveis e, em alguns momentos imprevisíveis, o gerenciamento da rede precisa compensar essa variabilidade com o mínimo possível de dependência de combustíveis fósseis. O gerenciamento também deve ser capaz de mostrar, por exemplo, quais VPPs podem fornecer energia de volta para a rede de distribuição a qualquer momento.
Para atender a essa complexa gama de demandas, as concessionárias estão usando dados para determinar onde alocar seu orçamento para novos projetos, prever quais ativos têm maior probabilidade de falhar e substituí-los antes que isso aconteça, como por exemplo, uma empresa multinacional de energia europeia está usando análise de dados para prever falhas de turbinas eólicas antes que elas aconteçam. A empresa construiu modelos de gerenciamento baseados em projetos anteriores e previsões ajustadas usando dados de monitoramento em tempo real. Essa abordagem elimina as decisões “instintivas”, enquanto reduz os custos de manutenção e tempo de inatividade.
As empresas geradoras de energia também estão recorrendo a dados analíticos para entender a oferta e a demanda, preços e onde a infraestrutura precisa ser atualizada ou adiada. Os dados de um medidor inteligente na casa de um cliente ou nas instalações comerciais estão sendo combinados com dados de CRM (Customer Relationship Management) e ERP (Enterprise Resource Planning), esses dados podem incluir informações de faturamento, taxas e tarifas e informações de histórico de cartão de crédito.
Uma análise dos dados coletados pode ajudar as concessionárias a entender se o uso de energia do cliente está aumentando ou diminuindo, se eles podem se qualificar para usar a energia solar geradas diretamente de suas casas. Analisar as informações demográficas de um cliente pode indicar se ele é um provável comprador de um veículo elétrico, por exemplo.
Conforme o setor de energia se torna ecologicamente ajustado, com mais concorrência e complexidade do que nunca, o setor deve se tornar mais eficiente. E isso só pode acontecer por meio do uso mais inteligente dos dados em todos os aspectos de suas operações.