Vivaldo José Breternitz (*)
Mineradores de bitcoins roubaram o equivalente a US$ 2 milhões em energia elétrica desde o final de 2020, diz a polícia do estado de Johor, na Malásia. As autoridades apreenderam 1.746 computadores, instalados em 21 locais diferentes, que eram usados para a mineração e prenderam sete envolvidos. Para o roubo, os criminosos alteraram medidores de consumo para parecer que consumiam muito menos eletricidade – fizeram aquilo que no Brasil se chama “gato”.
A polícia estima que foram roubados pela quadrilha cerca de US$ 22 milhões em eletricidade, somente durante o ano de 2020. E embora o roubo seja um problema, ele não é o único; se não houver uma repressão ao consumo de energia para mineração de criptomoedas, novos problemas surgirão, pois, essa atividade já consome mais energia que Argentina, Holanda e Emirados Árabes juntos
A mineração de criptomoedas é um processo computacional bastante complexo e intenso, que requer enormes quantidades de energia. Se imensas quantidades de eletricidade forem empregadas para produzir o que não passa de uma moeda virtual que beneficia a muito poucos, o planeta inteiro sofrerá em termos de agressões ao meio ambiente, especialmente no hemisfério norte, onde boa parte da eletricidade provém da queima de combustíveis fósseis.
A polícia malaia segue investigando o assunto, tentando descobrir novos roubos e identificar os cérebros da operação; os presos até agora seriam apenas guardas dos locais onde os computadores estavam instalados. Será que por aqui não estão acontecendo coisas semelhantes? Lembremos que em alguns lugares a polícia e as distribuidoras de energia elétrica não chegam, e os “gatos” são a regra, e não a exceção.
(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.