Não se pode deixar de reconhecer: os americanos pensam a longo prazo. O governo Biden está começando a planejar as telecomunicações sem fio 6G, procurando manter a liderança em um setor em que a China fez muitos progressos implantando rapidamente 5G.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Casa Branca tem se reunido com especialistas das áreas empresarial e acadêmica, pensando em definir metas e estratégias para a nova tecnologia, que deverá ter a capacidade de tornar onipresentes a computação em nuvem e a internet móvel.
6G ainda está há anos de começar a ser implantada – a Samsung acredita que apenas ao redor de 2030 essa tecnologia começará a chegar ao grande público – mas se espera que ela tornará a conectividade mais confiável e robusta, permitindo mais segurança no uso de veículos terrestres autônomos e drones.
Também deverão ser impulsionados a realidade estendida, um termo amplo que engloba as realidades virtual, aumentada e mista, e o uso de hologramas e de gêmeos digitais, impactando inúmeros campos, desde o lazer até a medicina, passando pela educação, pela indústria e evidentemente pela área militar, na qual as pesquisas são sempre intensas.
As medidas que o governo Biden vem tomando em relação a 6G deixam evidentes as preocupações dos americanos e de seus aliados com a área de telecomunicações, na qual os grandes ganhos chineses são devidos, em boa parte, ao empenho na produção de equipamentos e na definição de padrões internacionais.
Um funcionário do governo americano reconheceu que a China usou o 5G de forma eficaz para promover seus interesses econômicos e de segurança nacional, reconhecendo que os Estados Unidos não fizeram isso de forma eficiente, embora, até o momento, para a própria tecnologia 5G, ainda hajam casos de uso não pensados, que podem vir a mudar o cenário atual.
Como se disse, passarão muitos anos até que a rede móvel da sexta geração seja algo incorporado ao nosso cotidiano; apesar disso, governos, acadêmicos e profissionais devem acompanhar a evolução do assunto – se não o fizerem, devem acabar sendo atropelados pelos fatos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas