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Envelhecimento da população traz grandes desafios

em Tecnologia
terça-feira, 08 de agosto de 2023

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicou recentemente o documento “Envelhecer na América Latina e Caribe – proteção social e qualidade de vida entre pessoas idosas”.

Vivaldo José Breternitz (*)

Os dados e conclusões do documento são muito importantes para o desenvolvimento de planos de governo em todas as esferas; empresas, escolas e outras organizações também podem encontrar nele informações que podem ajudá-las a atingir seus objetivos.

As populações dessa região estão vivendo mais tempo e com mais saúde do que em qualquer outro momento da história; a expectativa média de vida ao nascer aumentou de 29 anos em 1900 para 75 anos em 2021.

Embora a pandemia de Covid-19 possa alterar temporariamente esse cenário, as projeções sugerem que seu impacto será de curta duração e não afetará as tendências demográficas de longo prazo.

A região é a que envelhece mais rapidamente no mundo. Enquanto na França foram necessários 67 anos para que a população com mais de 65 anos passasse de 10% para 20% da população total, a mesma transição deverá acontecer, em média, em menos da metade desse tempo (29 anos) nos países da América Latina e Caribe – em alguns países, como no Chile, por exemplo, essa mudança deverá acontecer em apenas 25 anos.

Até 2085, a região será a primeira no mundo onde uma em cada três pessoas terá mais de 65 anos, porém disporá de menos recursos econômicos do que os países de alta renda para enfrentar esse processo de envelhecimento.

Uma população mais velha compromete a sustentabilidade financeira dos sistemas previdenciários – o tempo para a aposentadoria precisa aumentar e a relação entre a base que contribui e os aposentados tende a ficar menor. Tudo isso pressiona os sistemas de saúde, visto que o gasto per capita com saúde para pessoas idosas é mais alto.

Além disso, o envelhecimento aumenta a demanda por serviços de cuidados de longa duração, uma vez que as pessoas idosas têm maior probabilidade de ter sua capacidade funcional comprometida e necessitar de ajuda para realizar atividades da vida diária.

Esses desafios são ainda mais preocupantes na região, onde o emprego informal é generalizado e o seguro social e os serviços públicos são escassos, fragmentados e, quase sempre, subfinanciados.

Em síntese: as políticas de proteção social para pessoas idosas enfrentarão graves pressões fiscais e de sustentabilidade social nas próximas décadas; empresas, escolas e outras organizações também serão desafiadas pela nova realidade.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.