No início dos anos 1950, o governo do Ceará, objetivando minimizar os efeitos da seca que assolava grandes áreas do estado, conduziu experiências de bombardeio de nuvens com sal, tentando produzir chuvas.
Vivaldo José Breternitz (*)
O método foi usado diversas vezes em outros lugares, sempre com pouquíssimo êxito; agora, o governo chinês tenta aplicar métodos semelhantes, utilizando drones, em meio a uma seca e onda de calor recordes que atingem quase metade do país. A situação é particularmente grave na província de Sichuan, onde é produzida energia hidrelétrica que abastece cidades industriais como Jiangsu e Xangai, que ficam há mais de 1.600 quilômetros de distância.
Segundo a estatal CCTV e o jornal do partido comunista Diário do Povo, a ideia é que dois grandes drones “semeiem chuvas” em uma área de cerca de seis mil quilômetros quadrados. Esses drones lançarão iodeto de prata em nuvens, fazendo com que a umidade se aglutine; espera-se que as nuvens fiquem “pesadas” e gerem chuva.
A seca e a onda de calor, que persistem há mais de 70 dias, começam a criar dificuldades à atividade industrial; as usinas as usinas hidrelétricas de Sichuan estão operando abaixo de 50% de sua capacidade normal, levando a cortes de energia que obrigaram a paralisação de atividades em fábricas da Toyota e da Foxconn, grande fornecedora da Apple.
O clima seco também está prejudicando as colheitas e exigindo aumento na importação de alimentos, estimando-se que apenas a escassez de energia já tenha impactado o PIB da China em 1% neste ano.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.