A gigante do ramo de consultoria Accenture, que atende principalmente à área de tecnologia da informação, disse que planeja cortar 19.000 empregos, cerca de 2,5% de sua força de trabalho, nos próximos 18 meses.
Vivaldo José Breternitz (*)
Será a maior rodada de demissões acontecida até agora em um setor que está enfrentando sérios problemas decorrentes da crise econômica.
A Accenture disse que terá custos de cerca de US$ 1,2 bilhão com as demissões e que gastará mais US$ 300 milhões em um processo de redução e consolidação de seus escritórios. Apesar disso, a empresa fez uma previsão de aumento de receitas da ordem de 8% a 10%, um pouco menor que a previsão anterior.
Seus concorrentes também estão fazendo demissões: em fevereiro a McKinsey anunciou planos para cortar 2.000 empregos, enquanto a KPMG disse que demitirá 700 pessoas nos Estados Unidos. Outro concorrente, a Ernst & Young, por ora anunciou o congelamento de contratações.
As demissões na Accenture devem atingir principalmente as áreas-meio, como recursos humanos, jurídica e financeira, mas, curiosamente, a empresa disse que pretende criar novos empregos na área técnica.
Aqueles que acompanham a área de consultoria observam que, à medida em que a crise econômica cresce, muitas empresas estão reduzindo seus investimentos em serviços de consultoria de alto custo, especialmente aqueles voltados à estratégia de negócios, em favor de serviços focados na obtenção de resultados em prazos mais curtos.
O mercado de ações reagiu positivamente às notícias das demissões: o preço das ações da Accenture subiu mais de 8% logo após o assunto ter se tornado público. A situação econômico-financeira da empresa parece sólida, com registro de aumento de receitas e reservas, embora com uma pequena redução no lucro líquido em relação ao ano anterior.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.