O FBI emitiu um alerta dando conta do rápido aumento do número de casos de extorsão envolvendo fotos falsas criadas com a ajuda de ferramentas de inteligência artificial.
Vivaldo José Breternitz (*)
Nesses casos, que vêm sendo chamados “sextortion”, os criminosos utilizam fotos da vítima postadas nas redes sociais e as editam, criando imagens de cunho sexual de aspecto muito realista.
A seguir, as imagens são enviadas à vítima, acompanhadas de pedidos de dinheiro para que não sejam divulgadas na internet – há casos também de seu uso para assédio ou vingança.
O FBI recomenda que o público “tenha cautela” ao compartilhar suas fotos online, mas esse é um conselho que praticamente ninguém segue.
Com a tecnologia hoje disponível, apenas algumas imagens ou pequenos vídeos são suficientes para criar material desse tipo, usualmente chamado deepfake.
Deepfakes já existem há alguns anos; em meados da década de 2010, usuários de fóruns como o Reddit começaram compartilhar conteúdo sexualmente explícito de celebridades femininas – ficaram famosos os deepfakes de Michelle Obama, esposa do então presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
Embora continuem a acontecer tentativas de combater a disseminação desse conteúdo, atividade considerada crime em quase todo o mundo, ferramentas para criar deepfakes são facilmente acessíveis – o portal Techspot diz que a empresa chinesa Tencent oferece serviços de criação de deepfakes com preços a partir de US$ 145, bastando que o cliente lhes envie fotos da vítima e uma descrição das imagens que pretende obter.
A internet é uma selva – no mau sentido da palavra – e cada vez maiores cuidados são necessários.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.