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Climate Clock: um alerta

em Tecnologia
sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Na Union Square, importante praça novaiorquina, um painel eletrônico de 20 metros de comprimento mostra, na forma de contagem regressiva, o tempo que o mundo tem para evitar que a mudança climática atinja níveis a partir dos quais a situação se tornará trágica para toda a humanidade.

Vivaldo José Breternitz (*)

Como podemos perceber, a situação já está ruim; há alguns dias tivemos sucessivos recordes de temperatura no Hemisfério Norte; no Brasil vendavais e inundações mostram como estamos chegando a extremos perigosos.

Hoje, o planeta está cerca de 1,1 graus Celsius mais quente do que antes da Revolução Industrial, graças às emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis; essa é a principal causa dos problemas que estamos enfrentando.

O painel, chamado Climate Clock, ou Relógio do Clima, mostra quanto tempo resta antes que as emissões de dióxido de carbono levem a um aumento de 1,5 graus Celsius no aquecimento global, um número crítico, acima do qual não seremos mais capazes de limitar as mudança climáticas e suas consequências.

Hoje, o Climate Clock mostra que temos menos de seis anos até que esse número seja atingido, e os ativistas responsáveis pela sua instalação, que aconteceu em 2020, estão realizando eventos em cinco continentes para despertar a consciência de todos para o problema.

As informações exibidas pelo Climate Clock são geradas a partir de dados fornecidos pelo Mercator Research Institute on Global Commons and Climate Change (MCC), entidade sediada em Berlim que pesquisa como a atmosfera e os oceanos podem ser usados ​​e compartilhados de forma segura. 

Essas informações partem do pressuposto que as emissões globais continuem em um ritmo semelhante a 2019, antes que a pandemia causasse uma queda temporária na poluição à medida em que as economias desaceleraram. Infelizmente, a poluição já voltou aos níveis anteriores à pandemia e o ano de 2022 marcou um novo recorde na geração de dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.

O Climate Clock também mostra medidas que podem manter o mundo no caminho certo para limitar o aquecimento global a 1,5 graus; uma dessas medidas é a transição para energia renovável e o painel exibe periodicamente os níveis de consumo global de energia proveniente de fontes renováveis, como energia eólica e solar – um pouco menos de 14% na atualidade.

Sabine Fuss, cientista alemã que dirige o MCC, diz que “é necessário agir agora, pois infraestrutura energética e outras mudanças estruturais não são coisas que se fazem em alguns meses. São necessários anos”; ela complementa dizendo a cada um de nós, de forma direta: “mesmo que ainda haja um pouco de tempo, você precisa agir imediatamente.”

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.