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China acusa a SpaceX de colocar seus astronautas em risco

em Tecnologia
segunda-feira, 03 de janeiro de 2022

A China está acusando os Estados Unidos de omissão ao permitirem que satélites componentes da constelação Starlink, pertencente à SpaceX, empresa de propriedade de Elon Musk, seguissem rotas que quase os levaram a colidir com a estação espacial chinesa Tiangong.

Vivaldo José Breternitz (*)

O assunto foi levado à ONU, com os chineses afirmando que por duas vezes a tripulação da estação precisou realizar manobras para mudanças em sua rota para evitar colisões que certamente vitimariam os astronautas; esses fatos teriam ocorrido em julho e outubro passados.

O governo americano autorizou o lançamento de até 12 mil satélites Starlink, dos quais cerca de 1.600 já estão no espaço; a constelação tem por objetivo permitir acesso à internet a partir de praticamente qualquer ponto da Terra.

Fontes do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics reportam que manobras como estas devem se tornar cada vez mais frequentes, face ao número cada vez maior de satélites orbitando ao redor de nosso planeta e que os Starlink são parte importante do problema, mas que os chineses também são responsáveis por parte considerável do lixo que vaga pelo espaço, que teria obrigado a estação espacial americana a executar manobras evasivas em diversos momentos. O lixo chinês seria em grande parte proveniente de testes de um sistema antissatélites que ocorreram ao redor de 2007.

O assunto repercutiu nas redes sociais chinesas, evidentemente com críticas a Musk e suas empresas, que ironicamente fabricam e vendem muitos milhares de seus carros Tesla na China – há inclusive sugestões de boicote e imposição de sanções à empresa e seus produtos.

Além dos riscos às estações espaciais, se o lixo espacial atingir satélites em operação, ocorrerão inúmeros problemas, especialmente na área de telecomunicações, podendo até mesmo ser paralisado o sistema GPS e outros similares. 

Congestionamentos no espaço certamente não eram problemas que traziam preocupações até há muito pouco tempo, mas agora devem ser objeto de negociações entre os países interessados.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é consultor de empresas.