O mercado de computadores pessoais, os PCs, vem cambaleando há algum tempo, mas no primeiro trimestre deste ano a situação piorou sensivelmente.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Canalys e a IDC, empresas que acompanham de perto esse mercado, estimam que as vendas mundiais de PCs caíram entre 29% e 33% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado.
É uma queda bastante grande e nenhuma das cinco principais marcas escapou da crise. A segunda maior vendedora, a HP, viu suas vendas caírem 24%; a quarta colocada, a Apple, sofreu uma queda de mais de 40%. ASUS, Dell e Lenovo tiveram quedas de aproximadamente 30%.
As explicações para a piora podem soar familiares: clientes relutam em comprar PCs em uma economia turbulenta, onde a inflação está descontrolada e o volume de trabalho remoto que cresceu durante a pandemia está diminuindo – as pessoas não tem dinheiro para comprar máquinas novas ou as que possuem atendem às suas necessidades.
Apesar da queda, os analistas estão otimistas: a Canalys acredita que não acontecerão novas grandes quedas no mercado de PCs neste ano e como a IDC, espera ver uma recuperação já no segundo semestre, pois computadores antigos deverão ser substituídos, inclusive Chromebooks muito utilizados em escolas americanas; espera-se também que muitas empresas migrem para o sistema operacional Windows 11, que não roda em máquinas antigas.
A IDC vê um aspecto positivo na queda das vendas, acreditando que ela permitirá aos fabricantes transferirem parte da produção para fora da China, o que é de interesse dos americanos.
Embora as quedas mais acentuadas já possam ter ocorrido, pode levar muito tempo para o mercado se recuperar plenamente, fazendo com que os fabricantes trabalhem de forma relativamente segura, produzindo computadores que sabem que provavelmente venderão, em vez buscar grandes inovações.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
