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Caças chineses podem ser transformados em drones

em Tecnologia
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A China tem cerca de 400 caças J-7 Chengdu, que devem ser retirados de serviço neste ano. O J-7 é uma cópia do Mig-21 soviético, e durante muito tempo foi a espinha dorsal da aviação de caça do país.

Vivaldo José Breternitz (*)

No início dos anos 1960, os soviéticos equiparam a China com o Mig-21, mas suspenderam o fornecimento dos mesmos em meados daquela década, quando as relações entre os países passaram a deteriorar-se.

Como é praxe, os chineses aplicaram a técnica de engenharia reversa – em termos práticos, pirataria – e lançaram os J-7 em 1966, que começaram a ser retirados de serviço em 2018.

Cerca de 2.400 deles foram produzidos até 2013; no entanto eram notórios os problemas do avião, desde defeitos constantes de fabricação até pouca capacidade de combustível, que lhes dava baixa autonomia. Além disso, o J-7 era fracamente armado e seus assentos ejetáveis falhavam constantemente.

Apesar de todos esses problemas, o J-7 foi exportado para países que procuravam caças baratos, como Albânia, Egito, Irã, Iraque Paquistão e Zimbabwe.

Agora, o Global Times, jornal do governo chinês, anuncia que os J-7 remanescentes podem ser transformados em drones suicidas a serem empregados em possíveis ataques a Taiwan. Drones suicidas são aqueles carregados com explosivos, que chocam-se contra alvos inimigos.

A transformação de aviões em drones, ainda mais quando eles não precisarão retornar após cumprirem suas missões, é relativamente fácil e barata, o que permite acreditar que essa transformação pode vir a ser feita.

É oportuno lembrar que já em 2017, os americanos transformaram alguns de seus caças F-16, que entraram em operação em 1978, em drones. O objetivo anunciado à época, era utiliza-los como adversários em programas de treinamento de pilotos, mas face ao grande número de aviões obsoletos de que dispõem, não seria surpresa seu uso também como drones suicidas.

Além disso, a utilização desses aviões como drones pouparia pilotos treinados, usualmente o ativo mais raro nas forças aéreas.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.