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Bioimpressoras 3D: uma esperança na área da saúde

em Tecnologia
quarta-feira, 29 de março de 2023

Pesquisadores da University of New South Wales (UNSW), na Austrália, desenvolveram uma bioimpressora 3D que pode depositar material orgânico diretamente em órgãos ou tecidos.

Vivaldo José Breternitz (*)

Ao contrário de outras abordagens de bioimpressão, esse sistema é minimamente invasivo, podendo ajudar a evitar grandes cirurgias ou a remoção de órgãos; no entanto, os pesquisadores que estão trabalhando no desenvolvimento da máquina alertaram que há um prazo entre cinco a sete anos para que a impressora possa ser testada em seres humanos.

A impressora, chamada F3DB, possui um braço robótico macio que pode depositar biomateriais com células vivas em órgãos ou tecidos internos danificados. Seu corpo flexível, semelhante a uma cobra, poderá entrar no corpo pela boca ou pelo ânus, com um piloto/cirurgião guiando-o em direção à área lesionada por meio de gestos feitos com as mãos.

Além disso, possui jatos que podem borrifar água na área alvo e seu bico de impressão pode funcionar como um bisturi elétrico. Os pesquisadores esperam que a F3BD possa algum dia ser uma ferramenta completa, fazendo incisão, limpeza e impressão em operações minimamente invasivas.

O braço robótico e a cabeça de impressão flexíveis podem se mover de forma semelhante às impressoras 3D de mesa. Além disso, inclui uma câmera, também flexível, para permitir que o cirurgião visualize a área em que está trabalhando.

Os pesquisadores realizaram os primeiros testes de laboratório trabalhando com chocolate e silicone líquido; depois testaram a máquina no rim de um porco e finalmente depositaram biomateriais em um cólon artificial. “Vimos as células crescerem todos os dias, aumentando quatro vezes até o sétimo dia, o último dia do experimento”, disse Thanh Nho Do, um dos líderes da equipe de pesquisadores e professor da Escola de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da UNSW.

O professor disse também acreditar que “os resultados mostram que o F3DB tem um forte potencial para se tornar uma ferramenta completa para procedimentos de dissecção endoscópica da submucosa.”

Apesar de a equipe crer que o dispositivo tem futuro, mais testes serão necessários para efetivamente colocá-lo em uso; os próximos passos incluiriam estudar seu uso em animais e, eventualmente, em humanos.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.