A mudança dos hábitos de consumo foi bruscamente afetada com a Pandemia da Covid-19, em poucos meses, a forma como consumimos produtos e serviços foi alterada, antecipando em alguns anos diversas tendências que já eram esperadas.
Diogo Debiasi Sousa (*)
Isso obrigou a praticamente todas as empresas, independentemente de seu tamanho, a reverem seus planos de negócios, pois o consumo através da internet firmou-se como algo fundamental para sobrevivência.
No meio acadêmico este fato não foi diferente e está sendo um grande desafio também, principalmente para o Ensino à Distância (EaD) que foi fortalecido durante esse período de isolamento social. Mesmo aqueles que tinham certa resistência, lançam nesse momento, um olhar esperançoso a esta metodologia, reconhecendo-a como alternativa.
Em consequência da evidência desta modalidade, uma figura integrante desta engrenagem, e que já existia mesmo antes da pandemia, ganhou notoriedade nesse momento: o tutor EaD. Defini-lo não é uma tarefa simples, e em momentos desafiadores como este, é ainda mais complexo pois mostra-se uma função em constante adaptação ao meio.
Mas o que diferencia o professor de sala de aula do tutor EaD? Para responder a esta pergunta, primeiramente precisamos compreender o contexto atual e considerarmos que temos dois tipos de aulas digitais no momento: remota e a distância.
A primeira surge como uma medida urgente de reduzir os impactos do coronavírus, neste caso, o conteúdo de uma aula genuinamente presencial é transformado e transmitido por meio digital e tem seu viés mais voltado ao próprio professor. O segundo tipo teve todas as etapas de concepção da aula planejadas para o meio digital, do início ao fim, o que torna seu viés naturalmente voltado ao aluno, e é exatamente neste formato de aula que o tutor EaD age.
Ele atua como um facilitador do conhecimento, utiliza a seu favor a Metodologia Ativa, em que os alunos estão diretamente envolvidos em sua aprendizagem tornando-os participantes principais do processo. Cabe a esse profissional diversas atribuições de bastidores, tarefas essas que dizem respeito a funcionalidade do curso, mas além de elaborar e gravar aulas, sua vocação é orientar o aluno no processo de aprendizagem, esclarecendo suas dúvidas de conteúdo da disciplina, necessidades e identificando as dificuldades ao longo da matéria. Propor meios e recursos para o desenvolvimento de estudos independentes, facilitar informações e auxiliar o aluno em seu percurso acadêmico, realçando sua autonomia, porém destacando a importância de seu engajamento no processo de aprendizagem.
Quais as dificuldades desse professor na pandemia? O isolamento trouxe ansiedade à toda sociedade, e não foi diferente com o tutor, aprender e ensinar nesse período é desafiador. O home office nos obrigou a utilizar o mesmo espaço o tempo todo, ou seja, se antes havia a diferenciação do espaço profissional e do espaço doméstico, hoje praticamente não existe e para reduzir esse impacto é essencial colocar em prática algo sempre aconselhado aos próprios alunos que é o de criar e manter uma certa rotina das atividades.
Ter empatia e entender as diferenças entre a nova geração de alunos que ingressa ao ensino superior e lidar ao mesmo tempo com as tradicionais, é um dos desafios dessa atividade, além de formar profissionais com qualidade e olhar crítico.
Em seu DNA carrega algo que, de certa forma é um paradoxo, que é ter um atendimento humanizado dentro de um atendimento cada vez mais digital, possibilitando assim aos alunos a sensação de pertencimento e de estarem assistidos junto ao curso desde o início de sua trajetória acadêmica.
O isolamento de hoje não significa imobilismo e mesmo em situações adversas é possível aprender com qualidade. O tutor EaD é um instrumento para tal pois já carrega em sua essência as características destes novos tempos.
(*) É tutor do curso de Marketing do Centro Universitário Internacional Uninter.