A App Store, loja de aplicativos da Apple, sofre um grande golpe: a partir de março, em função das exigências explicitadas pelo Digital Markets Act promulgado pela União Europeia, os usuários de smartphones da marca poderão baixar aplicativos de outras fontes que não a App Store, como forma de permitir a livre concorrência.
Vivaldo José Breternitz (*)
Evidentemente a empresa não desejava que isso acontecesse, mas a União Europeia vem sendo muito rígida com as big techs – recentemente a Amazon sofreu pesada multa por vigiar de forma agressiva seus funcionários.
O iPhone foi lançado pelas Apple em 2007, revolucionando o mundo dos celulares – causava espanto por não dispor de um teclado físico. Como não existia banda larga para telefonia, que começou a ser implantada em 2011 nos Estados Unidos (no Brasil em 2013), esse celular servia basicamente para telefonar, baixar e-mails, acessar páginas da web e pouca coisa mais, tudo de forma extremamente lenta para os padrões atuais.
Em 2008 surgiu a App Store. Do ponto de vista dos negócios, foi uma jogada de mestre da Apple. Como disse o jornalista Pedro Dória, ela inventou um mercado e em essência, disse aos desenvolvedores de todo o mundo: “se você quiser escrever um aplicativo para smartphones, nós ajudamos você a vende-lo”. A variedade de apps aumentou em muitas vezes a utilidade dos smartphones, contribuindo para que se tornassem um padrão no mundo da telefonia celular.
Pode-se afirmar que aplicativos como Waze, Angry Birds, WhatsApp, Uber, Tinder, Spotify, Instagram e outros só nasceram e cresceram porque podiam ser comercializados pela App Store, que se tornou uma enorme fonte de renda para a Apple: toda compra digital feita via App Store rende à Apple 30% de seu valor.
É provável que regras desse tipo venham a ser aplicadas em outras partes do mundo, embora a quase certeza de que os aplicativos disponíveis na App Store sejam livres de vírus e outros malwares ainda deva fazer que muitos usuários sigam preferindo a “loja oficial”.
É interessante observar que a OpenAI lançou sua GPT Store, que operará de forma similar à App Store, podendo causar um impacto violentíssimo no mundo dos chatbots e nas formas pelas quais empresas e pessoas trabalham.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].