Funcionários do governo americano e especialistas em cibersegurança suspeitam que chineses estão tentando invadir infraestruturas críticas do país, como serviços de energia, água e sistemas de transporte.
Vivaldo José Breternitz (*)
O Washington Post informou que hackers vinculados ao Exército de Libertação do Povo da China já conseguiram invadir sistemas de computadores de cerca de duas dezenas de organizações do tipo ao longo do último ano. As invasões são parte de esforços mais amplos para desenvolver maneiras de semear pânico, criar caos e atrapalhar a logística no caso de um conflito entre os países.
O jornal afirma que as vítimas das invasões foram uma empresa de água no Havaí, um porto da costa oeste e um gasoduto. Os ataques não se limitam a organizações americanas, mas também às de países aliados.
Até agora os invasores não causaram danos, mas o potencial para que eles aconteçam é enorme, pois paralisar organizações desse tipo no caso de um conflito certamente traria também prejuízos às operações militares.
Esses hackers, que compõem um grupo vem sendo chamado Volt Typhoon, que parece estar ativo desde meados de 2021. Quando foi detectado, suspeitava-se de que estava se preparando para interromper as redes de comunicação que ligam os Estados Unidos à Ásia em situações de conflito, focando-se em setores como comunicações, manufatura, serviços públicos, transporte, construção, governo, tecnologia da informação e educação.
Autoridades da área de segurança da Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e do Reino Unido – os países que compõem o grupo chamado “Five Eyes” – publicaram um guia das táticas, técnicas e procedimentos empregados nos ataques supostamente patrocinados pelo estado chinês, visando permitir às organizações se estruturarem para não serem vítimas desses ataques.
Brandon Wales, diretor executivo da Cybersecurity and Infrastructure Security Agency dos Estados Unidos, disse ao Washinton Post que a postura dos chineses representa uma mudança significativa em relação à atividade cibernética que esses desenvolviam há alguns anos, quando seu foco era principalmente a espionagem nas áreas política e econômica.
Ao que parece, voltamos aos tempos da Guerra Fria.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.