Mais de nove bilhões de pessoas no planeta para alimentar-se nos próximos 40 anos. Essa é a previsão feita pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Mario Gervais (*)
Imagine o quanto será necessário para gerar comida o suficiente para todos? O quanto de cada grupo alimentar tais como os sais minerais, fibras, carboidratos, gordura e proteína, deverão ser gerados para alimentar todo o planeta?
A demanda mundial de alimentos vem em uma crescente bastante expressiva nos últimos tempos e, consequentemente, para que possamos atender toda essa população, e toda essa estimativa projetada do aumento da população mundial, será necessário produzir uma grandeza de aproximadamente 70% mais grãos e cereais em geral, frutas, legumes, entre outros, para que seja possível suprir as necessidades de todos os países.
Com este cenário, o Brasil possui inúmeras possibilidades de crescimento econômico. Nos últimos anos, tivemos uma mudança bem razoável, no que diz respeito às importações de alimentos. Antigamente, o cenário era de necessidade de se importar alimentos, e hoje, o país está se tornando um dos maiores exportadores de alimentos no mundo.
Surge então, o que foi chamado de Agricultura 4.0, também, denominada, agricultura de precisão e, mais além, agricultura digital. É uma revolução que está totalmente conectada com as tecnologias do mundo digital. Plataformas digitais com forte viés de integração e análise de dados, começaram a surgir por volta de 2017, no Brasil, chegando ao campo, oferecendo soluções de automatização e customização de toda a cadeia produtiva.
Do ponto de vista tecnológico, temos muitos conceitos envolvidos e utilizados para esta transformação digital. Vai desde a biotecnologia até a infraestrutura de alta conectividade, para otimizar todas as etapas do ciclo produtivo.
Aplicações reais de automação utilizando IoT (Internet das coisas) com sensores conectados ao maquinário e dispositivos móveis, Big Data (armazenamento de dados em larga escala), conectividade de alta performance com a adesão do 5G em campo; GIS (Geographical Information System) para o monitoramento e coleta de dados, processamento e geração de dados para tomada de decisões. Enfim, podemos aplicar de forma clara e real conceitos e ferramentas relacionadas ao BI (Business Intelligence), BA (Business Analytics), Machine Learning e Deep Learning.
Por meio de uma infraestrutura planejada e dimensionada para coletar um volume em larga escala de dados (Big Data) como, por exemplo, dados sobre o clima, pragas, análise de solo, análise de mercados, informações sobre insumos, bolsa de valores, informações sobre política e questões sanitárias, é possível a criação de modelos preditivos cada vez mais inteligentes. Isso é a aplicação com forte viés de ferramentas e conceitos de Data Science.
Portanto, hoje, temos um verdadeiro arsenal, com poderosas ferramentas para trazer inúmeros benefícios aos produtores rurais, tais como: redução de custos, aumento da eficiência produtiva e territorial, base histórica para melhorias contínuas de processo e conhecimento científico, aperfeiçoamento da produção e cadeias produtivas, monitoramento e tratamento do desperdício.
Fazer mais com menos!
Há ainda, melhores condições de se manter o equilíbrio ambiental e respeitar os limites ecológicos do nosso planeta com alta produtividade.
Resumindo: a Agricultura 4.0 ou de precisão é uma plataforma sistêmica, tecnológica, integrada e conectada que está revolucionando a vida no campo rural. Baseia-se no uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e já é uma realidade. As oportunidades deste mercado para as empresas de tecnologia e relacionadas são inúmeras. O paradigma de se produzir mais com menos é inevitável e necessária.
Bem-vindos ao presente e ao futuro.
(*) É Head of Big Data & Analytics na ART IT, empresa especializada em soluções e serviços de TI.