É fato que a tecnologia 5G proporcionará uma gama enorme de novas aplicações e possibilidades para empresas e para os usuários da rede. Atualmente, qualquer novo projeto relacionado à automação de processos precisa considerar o uso de uma rede 5G. Mas, para que a sua implementação seja bem-sucedida, duas perguntas são imprescindíveis: a primeira é de aspecto mais estratégico e está ligada aos negócios — qual o plano para que o investimento dê retorno? — e a segunda focada em questões técnicas: qual a melhor arquitetura a ser adotada?
Ambas as respostas dependem do setor em que a empresa atua. Cada indústria tem características e necessidades próprias. Existem as conhecidas pelo jargão “missão crítica”, onde falhas são inaceitáveis, pois colocam em risco não só o processo de produção, mas também a vida de pessoas dentro e fora de sua atuação; há também aquelas onde os processos produtivos requerem baixos atrasos e tempos de resposta; e há ainda as que usarão a rede como otimização de processo, mas sem tanta criticidade no que diz respeito a atrasos e confiabilidade da operação. Em todos os segmentos, o aspecto de segurança de rede é fundamental no uso do 5G, sendo em setores como o bancário, a segurança é o fim principal de seu uso.
Uma primeira conclusão que podemos chegar é que cada indústria, independente do setor em que atua, precisa, num primeiro momento, avaliar os objetivos do uso do 5G e os ganhos que se busca para o seu negócio. Na sequência, verificar em toda sua cadeia produtiva quais as máquinas e sensores já estariam prontos para se conectar com a rede 5G (dispositivos IoT) e quais os sistemas da empresa precisam ser integrados para se obter os ganhos esperados com a automatização.
Ainda dentro da avaliação inicial, entender os requisitos de segurança necessários para o sistema, quais partes da rede estarão expostas a um ambiente externo e, portanto, mais sujeitas a ataque cibernético. Outro aspecto importante é como a indústria implementará a operação e manutenção da rede implantada, já que por muitas vezes não tem em sua área de TI o conhecimento de uma rede móvel.
Tendo previamente analisado esses temas, a empresa deve então definir qual arquitetura melhor atende a sua realidade de negócios.
Existem basicamente três possibilidades de implantação, em que os aspectos anteriormente citados farão parte da escolha:
• Implementação da Rede Privada via uma operadora (CSP);
• Implementação da Rede Privada completamente “stand-alone”, dentro do ambiente da indústria em questão;
• Implementação mista, ou seja, embora a rede possa estar dentro do site da indústria, ela pode ser gerenciada e operada por uma operadora tradicional;
Na sequência dessa definição, o uso de cloud privada ou pública, ou um mix dessas para a implantação da infraestrutura de rede é, outro aspecto a ser endereçado.
Para a grande maioria das indústrias, por não ser objetivo final operar redes sem fio, pode ser importante a busca de uma consultoria de tecnologia que possa ajudar definir todos esses aspectos, buscando assim tirar o melhor das redes 5G a serem implantadas, aumentando os ganhos com seu uso.
Assim como toda e qualquer decisão sensível e estratégica de negócios, a adoção de redes privadas de 5G no seu contexto corporativo é uma escolha que deve ser feita com cautela, colocando na balança todos os fatores envolvidos. O projeto não se resume em só definir a tecnologia 5G a ser implantada, mas todos os processos a serem integrados, todos os parceiros de tecnologia a serem envolvidos, enfim, a integração e coordenação do processo são tão importantes quanto a escolha do uso da tecnologia. Porém, é inegável que estamos olhando para uma tendência, e que fará com que as companhias que saibam usá-la vejam significativos aumentos de resultados e competitividade.
(Fonte: Eduardo Massaud é diretor de Telecom da NTT DATA).