A Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou seu relatório final da auditoria sobre as eleições presidenciais de 20 de outubro na Bolívia, que confirma ter havido uma “manipulação dolosa” para alterar os resultados. O documento afirma que a fraude ocorreu em “dois níveis”: por meio da alteração de atas e da falsificação das assinaturas dos mesários; e redirecionamento do fluxo de dados para dois servidores ocultos e não controlados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), permitindo a “manipulação” de informações e a “supressão de atas”.
“A esses fatos se somam irregularidades graves, tais como a falta de cópias de segurança das atas e a perda de material relevante”, declarou a entidade. “A partir das esmagadoras evidências encontradas, o que é possível afirmar é que houve uma série de operações dolosas para alterar a vontade das urnas”, concluiu o relatório. Segundo o TSE, Evo Morales venceu as eleições em primeiro turno, ao obter 47,08% dos votos, pouco mais que os 10 pontos de vantagem necessários sobre o segundo colocado, Carlos Mesa, com 36,51%.
Dados iniciais da apuração, no entanto, apontavam que haveria um segundo turno entre os dois candidatos. A divulgação de parciais da contagem chegou a ser suspensa, e quando foi retomada, os números já indicavam uma vitória de Evo em primeiro turno. Alvo de protestos, o então presidente chegou a anunciar uma nova eleição, mas não resistiu às pressões das Forças Armadas e da Polícia e renunciou ao cargo (ANSA).