A série de protestos na Índia contra a aprovação de uma polêmica lei que exclui muçulmanos de um projeto de concessão de cidadania se espalhou pelas universidades do país ontem (16) e já deixou ao menos seis mortos e 100 feridos. Milhares de estudantes se reuniram em Nova Délhi, Chennai, Bangalore, Mumbai e Lucknow, onde foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais locais.
A prestigiada universidade Jamia Millia Islamia, na capital indiana, também foi palco de atos violentos. Lá, os agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Ao todo, 35 estudantes foram detidos. O vice-reitor do campus, Najma Aktar, condenou a ação policial e anunciou que a universidade solicitará uma investigação criminal contra os agentes. As autoridades indianas decretaram ainda o corte da internet e toque de recolher em algumas regiões do país.
O epicentro da confusão ocorreu em Guwahati, na maior cidade do estado de Assam. O novo projeto facilita a concessão de cidadania a pessoas do Paquistão, Bangladesh e Afeganistão que deixaram seus países por algum episódio de perseguição religiosa anterior a 2015 e estão na Índia ilegalmente. No entanto, a nacionalidade indiana será oferecida de maneira mais veloz apenas a budistas, cristãos, hindus, partis, jains e sikhs.
Dessa maneira, os muçulmanos rohingyas de Myanmar, que já foram alvos de perseguições, ficaram de fora. A medida provocou intensos protestos desde a semana passada nos quais manifestantes queimaram pneus, trens e ônibus, forçando a interrupção do serviço em algumas áreas. Os cidadãos e diversas organizações justificam que a lei é contrário à Constituição indiana e às suas tradições.
No entanto, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, garantiu, em sua conta no Twitter, que a nova lei “não afeta nenhum cidadão da Índia de nenhuma religião”. “Nenhum indiano deve ficar preocupado com esta lei. A lei destina-se apenas a quem foi vítima de perseguição no estrangeiro e não tem outro sítio onde se refugiar a não ser a Índia”, afirmou Modi, apelando depois à “paz, união e irmandade” (ANSA).