A eleição legislativa do último domingo (10) na Espanha aprofundou o cenário de impasse e divisão política que já levou o país duas vezes às urnas antecipadamente apenas em 2019. O Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, conquistou 28% dos votos e 120 cadeiras no Congresso de Deputados, três a menos que na eleição de 28 de abril, o que deve dificultar sua tarefa de formar um novo governo.
Em segundo lugar aparece o conservador Partido Popular (PP), com 20,8% dos votos (88 assentos no Parlamento), à frente da legenda de extrema direita Vox, que confirmou sua ascensão ao receber 15,1% da preferência e garantir 52 cadeiras na Câmara. O partido havia entrado no Parlamento na eleição de abril passado, algo inédito para a extrema direita espanhola desde o início da década de 1980, e agora já tem a terceira maior bancada.
Boa parte desse crescimento se deu em cima da sigla populista Cidadãos (CS), que ajudara a romper o bipartidarismo entre Psoe e PP, mas viu sua bancada encolher de 57 para 10 deputados.
A coalizão de esquerda Unidade Popular (UP) também se desidratou, passando de 42 para 35 assentos. A UP é candidata natural a formar um governo com o Psoe.
Além disso, os socialistas terão de ampliar seu leque de alianças para garantir maioria parlamentar (176 cadeiras, de um total de 350). As alternativas para Sánchez são atrair novamente partidos nacionalistas catalães, os mesmos que forçaram a convocação da eleição de abril, ou garantir a abstenção do PP no voto de confiança, apostando no cansaço da população com o impasse político no país (ANSA).