Alessandro Saade (*)
Você já se perguntou por que algumas pessoas desistem no meio do caminho? Por que algumas se frustram e param, enquanto outras recarregam as baterias e tentam novamente?
Podemos tentar explicar por meio de diversas hipóteses como determinação, foco, perseverança, gana, vontade, necessidade…
O fato, na minha visão, é bem mais complexo e multifacetado.
Poderia até trazer a pesquisa da Princeton University sobre o gene NR2B, aceleração de aprendizagem, sinapses, inovação e empreendedorismo, mas quero colocar mais informações antes de tentarmos caminhar para um entendimento.
Será que a forma pela qual cada um de nós encara a vida e seus desafios pode ser mais um elemento nesta receita? Afinal cada um de nós é único e tem a sua forma peculiar de enxergar os fatos.
Ou ainda, como maximizamos os recursos que possuímos pode fazer uma grande diferença.
Não faz muito tempo tive contato com o conceito de plasticidade, como sendo a capacidade do material de se adaptar a uma nova realidade, seja de pressão, temperatura ou qualquer outra variável ambiental. Levando para os negócios a plasticidade seria a capacidade de cada um, pessoa ou empresa, de se adaptar a um novo contexto econômico, social, político ou uma somatória deles e de outros mais.
Diferente da resiliência, que se altera e sempre tende a retornar à sua forma original, a plasticidade muda e fica. Se adapta. Entende que esta é a nova realidade.
Como já comecei a falar sobre negócios, então vamos lá.
A Netflix lançou recentemente a minissérie Som na Faixa, sobre o lançamento do Spotify.
Poderia indicar inúmeras séries, mas esta é fresquinha e curta. E mostra muito bem a necessidade de aprender rápido e ajustar a estratégia – como na ação do gene NR2B, que acelera o aprendizado e torna a possível frustração numa aceleração na direção de uma nova tentativa, considerando os novos fatos aprendidos, construindo um cenário ajustado.
Empreender não é sobre isso? Sobre identificar uma demanda não atendida da sociedade, do mercado e desenvolver uma solução escalável para ela?
Posso afirmar com 99,9% de certeza que não vai dar certo de cara, na primeira vez. Sempre tem um fato importante não percebido ou ignorado, uma paixão meio platônica pela solução, afastando do fato principal, o problema que precisa ser resolvido.
Ninguém vai errar por querer. Ninguém vai perder dinheiro, tempo ou outro recurso valioso de forma premeditada. É sempre uma falha na análise ou na execução que gera o erro.
Erro feito, absorvido, aprendido, consertado e prejuízo lançado, sigamos em frente!
Ou: erre pequeno, aprenda rápido, corrija definitivamente e cresça de forma sustentável.
Como resolvo a dor do mercado, como melhoro a minha solução, como aprendo mais rápido, como conserto o erro, como entendo melhor a necessidade, como cresço, como ajusto a rota, como engajo o time, como provoco recorrência…
E sempre de forma coletiva, colaborativa, compartilhada.
Afinal ninguém faz nada sozinho. Às vezes até para errar você precisa de ajuda. E vai agradecer por isso.
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.