Claudio Zanutim (*)
Você já parou para pensar que em praticamente todos os grupos, sejam eles familiares, profissionais, sociais ou até mesmo na simples convivência com seus vizinhos, há sempre alguém que se destaca dos demais?
Aparentemente, esta pessoa é um líder nato, que tem o poder de reunir um grupo e fazer valer a sua opinião. Grandes líderes operaram significativas mudanças no mundo, para o bem ou para o mal, como Gandhi ou Hitler. A questão é que conseguiram levar multidões a pensar e agir como eles.
No mundo dos negócios, o papel do líder não é menor, embora sua função de liderança esteja intimamente ligada à de também educar. Tome como exemplo o técnico de um time.
Além de treinamento físico, os atletas são educados a manter determinadas condutas que são essenciais para ganhar ou perder.
Disciplina do aprendizado
Peter M. Senge, especialista em aprendizado organizacional e autor do livro “A Quinta Disciplina”, defende cinco disciplinas distintas. São elas:
Domínio pessoal: significa aprender a expandir as capacidades pessoais para obter os resultados desejados e criar um ambiente empresarial que estimule todos os participantes a alcançar as metas determinadas.
Modelos mentais: consiste em refletir, esclarecer continuamente e melhorar a imagem que cada um tem do mundo, a fim de verificar como moldar atos e decisões.
Visão compartilhada: é estimular o engajamento do grupo em relação ao futuro que se procura criar e elaborar os princípios e as diretrizes que permitirão que esse futuro seja alcançado.
Aprendizado em equipe: consiste em transformar as aptidões coletivas ligadas a pensamento e comunicação, de maneira que grupos de pessoas possam desenvolver inteligência e capacidades maiores do que a soma dos talentos individuais.
Pensamento sistêmico: é criar uma forma de analisar e uma linguagem para descrever e compreender as forças e inter-relações que modelam o comportamento dos sistemas. É essa quinta disciplina que permite mudar os sistemas com maior eficácia e agir mais de acordo com os processos do mundo natural e econômico.
Disciplina não é prisão
Educar é o mesmo que disciplinar, mas a palavra disciplina, para muitas pessoas, está associada à prisão, a regras e padrões. Tal conceito está arraigado em nosso inconsciente como uma forma punitiva de se “pôr ordem nas coisas”. Mas no mundo dos negócios já não há mais lugar para esta forma de pensar e disciplina nada mais é do que adequar-se às regras.
Observe o exemplo do Japão, país derrotado numa grande guerra e que, em apenas 50 anos, tornou-se uma grande potência.
O segredo?
A filosofia Kaizen de “ser melhor hoje do que ontem e melhor amanhã do que hoje. Melhoria constante e incessante”.
Missão possível
Ser líder é ter uma missão e uma visão compartilhada, educar e treinar os outros para agir.
Orientar e encorajar seus liderados a identificar a direção a ser seguida, para que a empresa possa competir pelo futuro. Ser líder é ter uma missão.
Não é uma missão impossível, mas exige persistência. É claro que tudo seria mais fácil de conduzir se as pessoas fossem todas iguais, se não houvesse necessidade de regular suas práticas tornando-as aptas para reagir à pressão da conjuntura, ou seja, o ambiente competitivo com novas variáveis, riscos e oportunidades, uma sociedade cada vez mais carente e clientes mais exigentes.
Este modelo de líder precisa:
→ Conhecer suas pessoas pessoas (forças e fraquezas);
→ Estar aberto às renegociações. Se as situações mudam, é muito provável que desempenhos, resultados e prazos sejam renegociados;
→ Ter escuta ativa;
→ Prestar atenção aos sinais externos e internos para ser pró-ativo e não reativo;
→ Manter cautela, ser persistente e paciente, mas nunca complacente;
→ Planejar e gerar indicadores de controle, estimular e educar as pessoas para executar, medir, corrigir rumos e reconhecer sucessos.
Cada cabeça, uma sentença
De todos os aspectos apontados, o mais difícil talvez seja trabalhar cotidianamente com pessoas muito diferentes entre si. Então, como lidar com as adversidades do dia-a-dia e formar uma equipe confiante, comprometida com os resultados e unida em prol dos mesmos objetivos? Seguem algumas dicas práticas para trabalhar bem em grupo.
Confira:
Seja paciente: nem sempre é fácil conciliar opiniões diversas, afinal “cada cabeça, uma sentença”. Por isso é importante que você seja paciente e pense antes de falar. Procure expor os seus pontos de vista com moderação e ouça o que os outros têm a dizer.
Aceite as ideias dos outros: muitas vezes é difícil aceitar ideias novas ou admitir que não temos razão; mas é importante saber reconhecer que a ideia de outra pessoa pode ser melhor do que a nossa.
Cuidado com as críticas: podem surgir conflitos entre as pessoas do grupo, mas é muito importante não deixar que isso interfira no trabalho. Avalie as idéias da pessoa, independentemente daquilo que achar dela. Critique as ideias, nunca a pessoa.
Saiba dividir: ao trabalhar em grupo, é importante dividir tarefas. Não parta do princípio de que é o único que pode e sabe realizar uma determinada tarefa. Se isso fosse verdade, o trabalho não seria “em grupo”, seria individual.
Trabalhe: não é por trabalhar em grupo que você deve relaxar nas suas obrigações. Dividir tarefas é uma coisa, deixar de trabalhar é outra completamente diferente.
Seja participativo e solidário: procure dar o melhor de si.
Dialogue: quando você se sentir desconfortável com alguma situação ou função que lhe tenha sido atribuída, é importante que explique o problema, para que seja possível alcançar uma solução que agrade a todos e não sobrecarregue ninguém.
Planeje: quando várias pessoas trabalham em conjunto, é natural que alguns se dispersem; por isso o planejamento e a organização são ferramentas importantes para que o trabalho de grupo seja eficiente e eficaz.
Aceite a ideia do erro: quando todas as barreiras já foram ultrapassadas e o grupo é muito coeso e homogêneo, existe a possibilidade de se tornar resistente a mudanças e a opiniões discordantes. É importante que a equipe ouça opiniões externas e que aceite a ideia de que pode errar.
Forte Abraço!
(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, Palestrante e Trainner Internacional. Mais 150 mil pessoas treinadas. Auxilia empresas e pessoas na maximização da performance em vendas e no atingimento de objetivos e metas. Autor de 7 livros, 3 e-books e dez artigos acadêmicos, é reconhecido nos meios empresarial, acadêmico e popular, principalmente com o Best Seller: Como Construir Objetivos e Metas Atingíveis