Claudio Zanutim (*)
“Quem não sabe fazer perguntas fundamentais para tomar decisões na empresa e sobre sua carreira pode colocar em risco seu futuro”. A afirmação está na obra“ Perguntas que Resolvem”, de Andrew Finlayson e tem por objetivo estimular uma atitude positiva de questionamento, consciência e ação.
Com mais de 20 anos de experiência como jornalista e gerente, Andrew Finlayson é diretor de notícias do KTVU Channel Two, na área da baía de São Francisco. Na KTVU, recebeu o Emmy pelo melhor noticiário e, em 2000, o Projeto para Excelência em Jornalismo reconheceu a KTVU a emissora com o noticiário local de melhor qualidade do país.
Para Finlayson, a vida é uma série de perguntas, pois o questionamento faz parte da essência da condição humana. Em um mundo onde a informação assume uma importância cada vez maior, a capacidade de questionar torna-se uma ferramenta fundamental para coletar esse precioso produto. Ao longo do livro, ele demonstra como a qualidade das perguntas e a atitude de questionamento podem determinar o sucesso das empresas e das pessoas. E ainda oferece uma ampla abordagem filosófica e prática para se criar um plano de questionamento. A partir de uma análise formal da arte de questionamento e do levantamento das perguntas mais comuns, o livro ensina como elevar o QQI – Quociente de Questionamento Inteligente ou, em outras palavras, como fazer perguntas de qualidade
PERGUNTA BOA É PERGUNTA CURIOSA
Até pouco tempo, a figura do líder estava diretamente relacionada à eloquência, à retórica e ao brilhantismo. O líder tinha respostas para tudo e todos, pois sua função era dar a direção a sua equipe como um mestre dirige seus discípulos.
Mas o mundo mudou e com ele também o cenário corporativo. A complexidade, a concorrência, a tecnologia e o crescimento incessante dos conhecimentos e das informações moldou um novo líder.
Hoje o líder aprende juntamente com seus liderados desde que seja dotado de curiosidade e capacidade de receber novas informações e conceitos.
Somente quem está disposto a aprender é curioso e investigador. Para isso, é necessário que se façam boas perguntas.
Mas, o que diferencia uma boa pergunta de uma má pergunta?
A boa pergunta é aquela que demonstra o desejo verdadeiro de conhecer e aprender. A má pergunta traz pressupostos, preconceitos e certezas, muito embora apresente um ponto de interrogação no final. Vamos exemplificar:
1. Ao perguntarmos “você concorda comigo?”, já estamos dando nossa opinião e não questionando verdadeiramente nosso interlocutor;
2. Quando perguntamos “veja como eu sei”, o objetivo é demonstrar quanto sabemos sobre aquele assunto, praticamente “bloqueando” qualquer outra resposta;
3. Ao utilizarmos o “faz de conta” já estamos demonstrando quão hipotética é a possibilidade de resposta. As coisas são ou não são: não existe imaginar uma resposta;
4. Se a pergunta vem acompanhada de um “vou testar você”, saiba que, na realidade você não quer uma resposta e sim avaliar quanto a outra pessoa sabe;
5. Finalmente, perguntas irônicas em geral vem acompanhadas de agressividade e ataques pessoais velados.
A boa pergunta diferencia-se de tudo o que foi relatado porque expressa uma genuína curiosidade, sede de saber e aprender com o outro. É como define o médico e antropólogo Eli Bonini, ‘’pergunta é o botão que se abriu em flor, como o temor é a semente que não germinou’’.
SABER PERGUNTAR É SABER DIRIGIR PESSOAS
A arte de dirigir reuniões se confunde com a arte de perguntar quando convém, como convém e a quem convém. Observe:
• Discutir é comunicar – o bom líder não se preocupa consigo, mas com a ligação e estreitamento dos fios invisíveis que o ligam ao grupo. O olhar, a mímica, os gestos, as atitudes contribuem para tecer estes fios.
• Acolhimento aos participantes – por, a vontade os futuros ouvintes através do ambiente e da recepção aos mesmos.
• Tomar a direção do grupo – no início da discussão fazer um breve relato de introdução. Procure começar dando uma excelente partida.
• Arte de perguntar – a pergunta é um dos instrumentos mais valiosos à sua disposição, não só para dirigir e estimular a discussão, mas também para nela fazer participar constantemente todos os membros do grupo. As perguntas mudam de natureza, segundo as suas intenções, podem ser de informação, de investigação ou puramente formais. A forma como a pergunta é feita não deixa de ter importância, elas podem ser gerais (incidem sobre o grupo) ou perguntas diretas. O líder deve saber utilizar pergunta de retorno, isto é, se responder com a própria pergunta que lhe é dirigida, devolvendo a pergunta ao interlocutor ou ao grupo.
A PERGUNTA COMO FERRAMENTA DE CONHECIMENTO
Outra dica importante é a de não usar sempre perguntas do mesmo tipo, procure evitar que alguém responda antes de ter chegado ao fim da sua pergunta. O sentido das perguntas pode ser aberto ou fechado. Ele é aberto quando ela é feita de tal modo que não pode ser respondida com sim ou não. Ex. O que você acha disto?
Há ainda outras ações que merecem atenção:
• Saiba manter o silêncio – Após uma pergunta geral, muitas vezes temos o silêncio. Tenha consciência da lentidão do pensamento de um grupo. Uma boa ideia é contar mentalmente enquanto espera. Se chegar a conclusão que por qualquer razão o grupo é incapaz de responder, exprima sua pergunta de outro modo.
• Saiba ouvir – reserve a sua opinião no decurso de uma discussão e deixe os outros falarem. Ouvindo-os você sempre terá uma posição extraordinariamente forte. Se você falar antes do tempo perderá a vantagem.
“A boa pergunta é aquela que demonstra o desejo verdadeiro de conhecer e aprender”.
• Aprenda a conhecer os outros – tome consciência de que o grupo trabalha incessantemente em 2 planos diferentes, um de ordem intelectual e outro de ordem afetiva. Quando a emoção suplanta a lógica os choques são inevitáveis.
• Anote tudo – registre todos os pontos de acordo do grupo à medida que eles vão acontecendo, resumindo as ideias, os acordos e as responsabilidades de cada um.
“Saiba ouvir – reserve a sua opinião no decurso de uma discussão e deixe os outros falarem”.
Forte Abraço!
(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, Palestrante e Trainner Internacional. Mais 150 mil pessoas treinadas. Auxilia empresas e pessoas na maximização da performance em vendas e no atingimento de objetivos e metas. Autor de 7 livros, 3 e-books e dez artigos acadêmicos, é reconhecido nos meios empresarial, acadêmico e popular, principalmente com o Best Seller: Como Construir Objetivos e Metas Atingíveis