Você já parou para prestar atenção nos aspectos fisiológicos e biomecânicos de uma simples caminhada?
A caminhada, por definição, começa a partir do repouso. O corpo, nesse estágio está em equilíbrio. Tudo funciona perfeitamente e a sensação é de segurança e solidez.
De repente, por algum motivo, contraímos de uma só vez um grande número de músculos do corpo. O organismo imediatamente sai do estado de equilíbrio. A respiração à nível celular fica deficitária de oxigênio. Um sinal de alerta atinge as reservas de glicose, ácidos graxos e proteínas para que supram as demandas energéticas de ATP dos músculos. Os neurônios sensitivos entram em ação enviando ao sistema nervoso central a mensagem de que as coisas não estão mais no lugar onde estavam e os movimentos ciliares tridimensionais nos canais semicirculares do aparelho vestibular adjacente a cóclea avisam aos núcleos nervosos do telê encéfalo e cerebelo, responsáveis pelo equilíbrio, que estes devem entrar em ação. Resumindo, acabou a paz…
Eduardo Moreira
Autor de Encantadores de Vidas, O Encantador da Montanha e Investir é Para Todos
Em instantes o corpo inclina-se para frente. O equilíbrio prévio está definitivamente desfeito. Uma foto do corpo neste momento levaria a crer que o tombo é inevitável. Então novamente, buscando preservar a integridade do organismo e protege-lo do tombo, mais uma série de músculos é acionada, e todo o processo descrito acima se inicia novamente. Em tempo, o corpo consegue apoiar todo seu peso no pé que fora jogado pra frente, resultando em um impacto que se espalha rapidamente por músculos, ossos, ligamentos e tendões, causando milhares de micro lesões. Antes que possamos notar, o corpo está novamente em equilíbrio. O oxigênio finalmente chega às células permitindo a respiração aeróbia, quase vinte vezes mais eficiente que a desprovida de oxigênio, as micro lesões cicatrizam e os tecidos danificados tornam-se mais fortes. O caminho nervoso utilizado fica na memória do organismo e da próxima vez se sensibilizará mais rapidamente. E adivinhem… o corpo saiu do lugar. Esta um passo a frente.
Desequilibrar-se, expor-se ao tombo, romper milhares de estruturas, sentir dor, acordar estruturas que estão em repouso, elevar o nível de estresse… Tudo parece sem sentido se observamos o equilíbrio e perfeição de um organismo em repouso. Mas é por causa de tudo isso que o corpo se torna mais forte e mais apto. A opção por permanecer aonde se esta é sempre mais cômoda. Mas em algum momento o movimento será preciso. Para se alimentar, para fugir de uma ameaça, para conhecer coisas novas e aprender ou mesmo fruto do empurrão de alguém que quer tomar o lugar onde você está.
Quanto mais se espera para fazer, menos apto e forte se estará no momento que isto for preciso. E então neste momento, talvez o pé não chegue aonde deveria para suportar o desequilíbrio. Ou as estruturas não suportem as lesões que lhe serão impostas. Aí sim o tombo será inevitável. Como consequência do medo ou preguiça de se agir quando se poderia.
Este texto deveria ser voltado para empresas e empresários. Mas como meu espaço ficou curto vou ficar por aqui. Ou será que propositalmente…
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Rebeca Toyama
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Coordenação: Lilian Mancuso e Rebeca Toyama