19 de novembro: Dia mundial de combate ao abuso infantil 02 a 06/11/2017
19 de novembro: Dia mundial de combate ao abuso infantil
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Tema muito importante e que precisa sair da sombra e vir à tona para que possa encontrar a cura. Com esse objetivo, o Jornal EMPRESAS & NEGÓCIOS começa uma campanha sobre o assunto. A cada sexta-feira, de hoje até o próximo dia 17, trará várias instituições e profissionais que abordarão o assunto. Acompanhe, leia, participe! Em nosso site (www.netjen.com.br), todas as matérias a respeito ficarão à disposição para leitura e pesquisa por tempo indeterminado.
Trauma e Resiliência no abuso sexual infantil
ou
Ser Humano, dignidade e superação de Traumas
ou
Humanidade e superação de Traumas no abuso infantil, um olhar transpessoal
(*) – Manoel J P Simão

O que a Psicologia, especificamente a Transpessoal, poderia ajudar enquanto uma ciência da ajuda psicológica? Para isso precisamos compreender como se dá em cada nível físico, mental e emocional – e por que não dizer no espiritual. As situações traumáticas podem ser desde uma palavra dita por um de nossos pais, que impacta em nossa autoestima – “você é um lixo de filho” -, como uma cena de violência doméstica – agressões entre pais ou pais e filhos. Pode ser fruto de violência sexual ocorrida em casa ou na vizinhança ou rua. Aliás, estatísticas mostram que a maior parte da violência sexual ocorre dentro da própria casa e por um dos genitores ou algum grau de parentesco.
Esses vivências afetam a capacidade de raciocínio, lógica e aprendizagem, como exemplo dificuldades no planejamento com as situações da vida e rebaixamento do campo de decisões. Afetam a autoestima e autoimagem, gerando desconfianças da própria capacidade de enfrentar a vida, de novos relacionamento e novas oportunidades. É esse o resultado de indivíduos e comunidades que sofreram de abusos infantis, traumas em violência doméstica e sexual.
Em psicologia transpessoal entendemos que na dor traumática a energia fica armazenada e presa, de forma inconsciente, no corpo físico, mental e emocional. Isso influencia as patologias e dificuldades que cada indivíduo enfrenta. Da simples dor crônica nos ombros, na dor de cabeça e em tensões que pode levar a perda de emprego, a agressividade contida ou extravasada levando a ruptura de relacionamentos, perda de emprego, entre outros agravantes. Ou seja, os resultados são esperados quando não realizado o acompanhamento daqueles que passam por situações traumáticas.

A forma que encontramos em transpessoal para a ajuda psicológica é no primeiro momento ajudar o indivíduo a reconhecer os conflitos já manifestos ajudando num primeiro olhar a perceber os sintomas que se encontram instalados como dores, tristeza e depressões sem causa específica, baixa estima, ansiedade e pânicos, pesadelos recorretes, fobias específicas de causa irracional, entre outros sintomas. Seguir por um aprofundamento, identificando as raízes históricas, os padrões repetitivos, as reações físicas para então irmos auxiliando na desidentificação, transmutação e transformação desses padrões, crenças, ressentimentos e autoabandono.
Compreendemos que há uma essência em cada ser humano, sagrada, imaculada e que provém da fonte da Vida e que cada ser deve acessá-la. Na desidentificação do evento traumático, o processo se auxilia em fazer com que o cliente eleve seu nível de consciência ao seu Eu Essencial e divino podendo se aproximar das etapas de reparação, perdão e liberação da energia represada nos corpos, de todas as falas contidas e como compreendemos, terminar o que está inacabado, para então nessa relação de ajuda, elaborar e integrar todo o material trazido à consciência de forma curativa e regeneradora.

(*) – Psicólogo e psicoterapeuta, conselheiro da Alubrat Brasil e Unipaz São Paulo, coordenador da pós-graduação em psicologia transpessoal da alubrat (www.alubrat.org.br).
A formação de um líder saudável começa na infância
Rebeca Toyama (*)

Na Antroposofia extrai muito do aprendizado que apliquei profissionalmente e como mãe. Rudolph Steiner, pai da antroposofia, dentre suas inúmeras contribuições, observou o desenvolvimento humano em setênios, dividindo a biografia pessoal em nove partes de sete anos. Cada uma dessas etapas demanda cuidados singulares, porém, as primeiras, por impactarem profundamente as vindouras, possuem especial relevância.
Até por isso percebemos na história da humanidade o cuidado que diversas tradições tinham com suas crianças. Mas, às vezes, parece que com toda a revolução tecnológica e social acabamos deixando esse cuidado de lado. Principalmente, num país, como o Brasil, onde a licença maternidade possuí alguns meses e a paternidade alguns dias, diferentemente, de alguns países da Europa que esse período para mãe pode passar de um ano e para o pai alcançar alguns meses.
A antroposofia ensina que a primeira infância, coincidentemente o primeiro setênio, isto é, os primeiros sete anos, a principal tarefa da criança é crescer, desenvolver os órgãos físicos que estão sendo formados. Nessa fase a criança deveria ter vivências permeadas por situações e circunstâncias que a levassem a perceber o mundo como algo bom. É por experimentação que a criança aprende, por tentativa e erro, e pelo princípio da imitação.
Porém, quando a criança sofre algum tipo de abuso nessa fase, ao invés dela aprender a confiar no mundo, ela desenvolve mecanismos de defesa por acreditar que o mundo é mal e que todas as pessoas que estão ao seu redor não merecem sua confiança. Além disso, por conta do aprendizado por meio da imitação, essa criança aprende que a violência é uma resposta quase que padrão nas relações.
Ao final do processo anterior, ao chegar o segundo setênio, que finaliza aos 14 anos, a criança começa a aprender sua relação com o mundo, isto é, conectar seu mundo interno ao externo. O papel dos adultos, pais e professores, possui grande influência nesse período, pois é através deles, que eles apreendem se relacionar com a autoridade.
Portanto, os valores e ideias que o adulto possui pode beneficiar ou prejudicar a formação da imagem do mundo infantil. Se a autoridade é excessiva pode promover uma timidez exacerbada ou introversão. Se, por outro lado, há falta de autoridade, se ela é insuficiente para o estabelecimento de normas tão essenciais nesse período, o resultado pode ser uma extroversão exagerada, que leva a criança a desconhecer seu imite e o do outro.
O abuso infantil envolve diversos fatores, dentre eles a imprudência, violência física ou psicológica, imperícia e negligência por parte de um adulto ou pessoa mais velha. As práticas mais comuns envolvem a violência doméstica (física e psicológica) e o abuso sexual.
Imagine uma criança como se fosse vaso, sendo assim o que entra primeiro ficará lá o fundo, atuando para o resto da vida. Portanto, o que acontece com essa pessoa que no momento de aprender a confiar, experimentou algum tipo de abuso. Ou na sequência, quando era o momento de aprender lidar com a autoridade passou por uma experiência violenta.
Aprender a confiar ou lidar com autoridade e poder tem sido com frequência o pano de fundo de boa parte dos desafios profissionais dos executivos ou líderes que venho desenvolvendo.
Nessa história não há vítimas ou culpados, somos seres em construção, portanto não nascemos sabendo, estamos em constante aprendizado, porém isso não nos exime da responsabilidade enquanto humanos seres que somos de cuidarmos de nossas sementes.
Saiba mais sobre os setênios: www.antroposofy.com.br
(*) – Especialista em desenvolvimento humano e liderança. Palestrante, coach e mentora. Conheça mais a autora: www.rebecatoyama.com.br.