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Temas para Davos

em Opinião
terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

O capitão Bolsonaro foi eleito para que o Brasil não se tornasse outra Venezuela

Os ciclos econômicos são uma criação dos homens que controlam o capital ao promoverem injeção de dinheiro para colher ganhos, acelerando artificialmente a atividade econômica e a valorização dos ativos para decair logo por falta de sustentação. Como tudo na natureza, a economia devia seguir o ritmo natural, mas por cobiça surgiram os mecanismos astutos que forjaram a concentração da riqueza na mão da minoria com mentalidade especulativa.

Mais dinheiro acarreta mais inflação. Se o dinheiro é recolhido, a inflação perde fôlego. A fonte de criação da moeda tem sido os Estados e o crescimento desordenado de suas dívidas. Se elas crescem muito, vem a austeridade que estanca o fluxo monetário, como ocorre no Brasil. A economia saiu da naturalidade, ou caminha como uma locomotiva desembestada, ou segue devagar quase parando, mas deveria seguir um
ritmo natural de crescimento constante, acompanhando o aumento da população.

A instabilidade vem de longe. Os reis se afastaram das leis naturais e perderam o trono. Vieram o Estado Republicano, mais apropriado para o capitalismo de livre mercado, e o comunismo, fadado ao fracasso pela supressão da liberdade. O sistema descambou com a concentração da riqueza e as ações corruptas dos homens nos poderes executivo, legislativo e judiciário. A China inovou com o capitalismo de Estado
produzindo manufaturas para exportar. A ordem internacional perdeu a sustentação devido às alterações econômicas com a tendência de nova
crise de recessão severa cujos efeitos são imprevisíveis.

O mundo está adentrando numa perigosa guerra comercial que resulta da ausência de equilíbrio nas transações entre os povos. Os países se
tornaram altamente devedores sem que isso contribuísse para a melhora efetiva das condições gerais de vida. A riqueza financeira, oriunda dos grandes recursos naturais do planeta, ficou concentrada em poucas mãos enquanto a miséria se expandiu. O essencial é que haja equilíbrio nas contas internas e externas, e ensejo ao aprimoramento da espécie humana, temas prioritários para autoridades e empresários debaterem no Fórum Econômico Mundial 2019, em Davos.

No Brasil, o dinheiro ficou mais escasso ainda. Os índices confundem. Os feiticeiros no poder iludiram a população com a mágica de baratear os importados praticando taxas de juros elevadas e deu nessa congestão financeira como foi previsto pelos entendidos. Mesmo assim, foi preciso chegar ao fundo do poço, com muita coisa destruída, para iniciar a guinada.

O grande drama da política é a negociação de cargos, sendo os mais cobiçados aqueles que envolvem mais dinheiro, poder e projeção, e, justamente, para assegurar a reeleição, não para prestar um efetivo trabalho de utilidade pública. Assim, tudo caminhará para o declínio enquanto a dívida pública vai crescendo, para em seguida surgirem as brutais austeridades que jogam as cidades para as traças. Fala-se que há um grupo poderoso que, para acabar com isso, visa a globalização do poder com partido único: o deles.

O regime de partido único tem muita semelhança com a monarquia, uma vez que a pessoa no comando é plenipotenciária para decidir e determinar; a diferença é que o partido estabelece regras que poderão derrubar o líder para colocar outro em seu lugar, enquanto que o rei tem cargo vitalício e ainda pode transferi-lo ao herdeiro do trono.

O ser humano recebeu o planeta pronto, sem que tivesse de acrescentar nada, apenas zelar, conservar e desfrutar. O consenso deve ser: zelar pelas cidades e proteger as florestas. Precisamos de água potável, preservação dos mananciais, preservar e ampliar as áreas verdes nas cidades, cuidar da qualidade do ar, disciplinar o uso do diesel, cuidar do lixo e esgoto transformando-os em energia, eliminando o despejo nos rios. O clima está sendo alterado de fato e pode ser que isso esteja sendo aproveitado para conspirações; mas negar e nada fazer seria como se esconder do problema real.

O açambarcamento dos recursos naturais tem sido usual pelo mundo, concentrando a riqueza e esparramando a miséria. O capitão Bolsonaro foi eleito para que o Brasil não se tornasse outra Venezuela, mas ele precisará pôr ordem na casa, equilibrar as contas internas e externas, evitar a ação dos corruptos, e fazer o que todo governante deve fazer: promover o aprimoramento da espécie humana e a melhora das condições gerais de vida.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.library.com.br) e (www.vidaeaprendizado.com.br). E-mail: ([email protected]); Twitter @bidutra7.