Eduardo Rezende (*)
Desde a campanha presidencial que elegeu Obama para presidente dos Estados Unidos, vivemos novos tempos, em que candidatos traçaram novas rotas para suas campanhas, deixando o modelo engessado para trás.
Com as novas ferramentas vieram também as tentativas de se aproximar do eleitor por meio de uma comunicação muito mais informal – algumas bem sucedidas, outras nem tanto, no meu ponto de vista.
No Brasil, em 2018 foi a virada de chave para os candidatos. Voltando para aquele ano, nós tínhamos uma grande disputa política para a presidência do país, e nessa eleição foi demonstrado como digital faz diferença. De um lado uma campanha aos moldes antigos e tradicionais e em outro uma atuação agressiva e complexa nas plataformas sociais. Não estou aqui para entrar em méritos políticos ou qualquer tipo de apoio, isso é apenas uma análise marketeira sem nenhum propósito além disso. O fato é que, a influência do marketing digital foi crucial para o resultado das urnas.
Citei 2018 para pensarmos em como eram as propagandas eleitorais antes e depois deste ano. Foi um soco no estômago as campanhas que utilizaram o digital de forma massiva em quem não usou. Arrisco a dizer que quem não utilizou o digital não teve nem chance de se eleger para qualquer cargo.
Chegamos em 2024 e nos deparamos com a maior disputa eleitoral da história no digital, com direito a perfis excluídos, tráfego pago, memes e audiências elevadíssimas nas transmissões online. As propagandas eleitorais viveram uma metamorfose esse ano, sendo inclusive, a principal ferramenta de argumentação em debates. Neste contexto, tivemos pela primeira vez um canal 100% de internet promovendo um dos debates mais emblemáticos até o momento, o Flow News, do Grupo Flow, onde presenciamos outro caso de agressão, tornando-se um marco nos novos temos da política, reforçando a força da internet.
No cenário atual e observando as ações dos candidatos para a prefeitura de São Paulo, vemos que os esforços são praticamente restritos ao digital. Existe uma batalha de vídeos e discursos nas plataformas entre alguns candidatos, gerando um engajamento incrível, convertidos em votos. Fazer santinho para colar no peito não é mais a forma correta de se fazer uma campanha. Hoje o que vale são os compartilhamentos, comentários e curtidas dos seguidores, disseminando suas falas de modo orgânico, gerando engajamento e influência.
Do ponto de vista do eleitor, os algoritmos criaram uma falsa impressão sobre a liderança das campanhas, o que pode ser um banho de água fria para os grupos extremistas, que acreditam fielmente na popularidade do seu candidato em seus perfis sociais.
Não tenho dúvidas que este ano é um marco histórico nas campanhas eleitorais e com certeza trará lições importantes para os próximos anos, não apenas para candidatos, mas para a prática do marketing digital em todas as esferas.
A propósito está subindo agora mesmo nas minhas redes sociais…
(*) CEO da Ecustomer.