Mário Liboni (*)
Conseguir analisar as necessidades do negócio é a habilidade que diferencia os bons profissionais dos demais.
Existe uma percepção entre profissionais que trabalham com planejamento estratégico de que o conhecimento adquirido ao longo da vida acadêmica oferece apenas a base teórica para o trabalho, e não conhecimentos aplicáveis em situações da vida real, e isto não está mais longe da verdade.
A fronteira entre vida acadêmica e vida profissional, hoje, é tênue, com as instituições de ensino cada vez mais preocupadas em preparar seus alunos para o mercado de trabalho e armando-os com as ferramentas necessárias para o sucesso. Neste cenário, cabe ao profissional de planejamento estratégico entender qual o momento da empresa em que trabalha para decidir qual ou quais ferramentas ajudarão a colocar o negócio na direção certa.
Uma empresa em estágio inicial provavelmente não vai se beneficiar grandemente ao montar uma matriz BCG de seus produtos e serviços, por exemplo. Conseguir analisar as necessidades do negócio, decidir e aplicar as ferramentas corretas e transformar as informações adquiridas em estratégias para o futuro é a habilidade que diferencia os bons profissionais dos demais.
Nem todas as ferramentas são úteis o tempo todo. Especialmente para novos e pequenos negócios, é muito importante não gastar esforços e energia em modelos e análises que não vão trazer o retorno esperado. Em minha experiência, um dos primeiros passos a serem tomados é a definição da missão, visão e valores – pois são princípios que guiarão todas as futuras tomadas de decisão.
Outras ferramentas úteis neste estágio são o Canvas Modelo de Negócios, um mapa visual utilizado para esboçar e desenvolver modelos de negócio novos ou existentes; a Análise 360º, muito útil para checar a viabilidade de uma ideia, identificando o público-alvo e o quanto ela pode faturar; e as cinco forças de Porter, que auxilia na identificação dos principais concorrentes e quais os pontos em que se destacam.
Para negócios já existentes, é preciso estar em contato constante com todas as principais áreas da empresa para identificar as necessidades e pontos onde gostariam de melhorar. Se precisam obter uma visão mais aprofundada do próprio funcionamento da empresa, entendendo como o negócio está desempenhando em relação às metas de longo prazo, o Balanced Scorecard (BSC) é a escolha certa.
Se a necessidade é determinar como proceder com diferentes produtos e serviços, a matriz BCG faz uma análise do portfólio da empresa e mostra se é preciso construir, manter ou abandonar algum dos itens da carteira do negócio.
Outras ferramentas úteis, independente do estágio do negócio, são a matriz SWOT, que analisa um cenário macro para ajudar na tomada de decisão, a análise pestal, que busca entender como possíveis mudanças políticas, econômicas, sociológicas e tecnológicas podem influenciar os negócios, e a matriz de Ansoff, que aponta possíveis caminhos a serem seguidos para o desenvolvimento do negócio.
Todas essas ferramentas e metodologias mencionadas são ensinadas em sala de aula, e por mais que alguns profissionais acreditem que elas fazem parte daquela “base teórica” que falei no começo desta conversa, a verdade é que a vivência acadêmica realmente nos ensina como cada uma delas funciona, e a experiência profissional complementa este conhecimento ao mostrar em que momento da empresa cada uma delas é necessária.
O profissional de estratégia precisa manter seu “radar” pessoal em alerta para todos os sinais do dia a dia profissional, são essas pistas que trarão oportunidades de unir a teoria à prática, bem como a chance de escolher e aplicar cada ferramenta da forma correta.
Além disso, o ambiente de negócios é extremamente mutável e novas ideias de análises e ferramentas são criadas com frequência, por isso é importante que o responsável pelo planejamento estratégico mantenha-se atualizado, para que possa mesclar o conhecimento acadêmico com a sua experiência profissional para alcançar os melhores resultados.
(*) – É Gerente de Planejamento Estratégico e Portfólio da Printi.