Desde os primórdios de sua existência, com o homem sempre pensando e criando novas tecnologias para facilitar a sua sobrevivência pessoal e social, principalmente a partir do surgimento da internet no século XX, que tem evoluído de forma absolutamente rápida. O mundo digital exige inovações constantes em todos os mercados e não é diferente com o mercado financeiro, sobretudo com as fintechs.
As startups voltadas para as finanças e tecnologia vêm mudando o cenário econômico no Brasil, com suas transformações tecnológicas ocorrendo conforme as necessidades dos usuários modernos. E junto com essa evolução tecnológica veio a necessidade da implementação de procedimentos menos burocráticos e engessados.
Surgiu, então, a necessidade de vários departamentos se moldarem à “nova era da tecnologia” para acompanhar as exigências do mundo atual, sendo o principal e mais complexo deles o departamento jurídico interno. Por muito tempo o departamento jurídico interno foi visto como o maior custo da corporação, ou uma área reativa, acionada apenas quando ocorrem conflitos judiciais, ficando isolado da área de negocio, tomadas de decisões estratégias e preventiva.
Não é de hoje que especialistas ressaltam a importância da área jurídica para as empresas. De acordo com o advogado Pedro Freitas, o departamento jurídico interno tem a vantagem de se dedicar exclusivamente a apenas um cliente e, por isso, se apresenta como especialista nos negócios e nos diversos fatores que estão envolvidos na atividade da empresa.
Diante desse cenário, os profissionais desta área têm como principais desafios conhecer a fundo o negócio em que trabalham e alinhar a estratégia dos departamentos jurídicos à estratégia corporativa das empresas. Isto, inclusive, vem sendo tema recorrente em diversos simpósios e fez parte do estudo “Law Department Strategy and Business Planning”. De acordo com o material, hoje há três fases na gestão do departamento da área dentro das empresas: engajamento estratégico, consciência dos custos e responsabilidade corporativa.
E tal visão vem sendo adotada por organizações dos mais diversos setores, entre elas, por fintechs. Nesse contexto, para acompanhar a evolução tecnológica e atender o cenário atual, percebeu-se a necessidade de revolucionar o departamento jurídico interno – ser um jurídico sem gravata – e utilizar-se da tecnologia como sua maior aliada. Partimos, então, para a era do jurídico 4.0, com o surgimento das lawtechs, ou legaltechs, dando mais visibilidade para a adoção da jurimetria a fim de métricas mais assertivas.
A jurimetria, baseada na aplicação dos modelos estatísticos, tem como finalidade auxiliar na análise, compreensão e até mesmo na prevenção dos processos e fatos jurídicos. Com a aplicação da Estatística no Direito, e utilizada em conjunto a softwares jurídicos, a jurimetria se mostra como uma excelente ferramenta para planejar estrategicamente e atingir os resultados pretendidos pelo negócio.
Ela utiliza-se da inteligência artificial para garantir uma boa governança de dados, representando uma grande modernização no departamento jurídico interno. Pensar em números, dados consolidados, ciências exatas, facilita o processo de automação desse objeto. E aí, surge uma questão: como podemos automatizar, utilizar dados, tecnologia e inteligência artificial numa área abstrata como o Direito? Para ter sucesso, é necessário uma base de dados sólida e consolidada, devendo contar ainda com a ajuda dos vários softwares no mercado.
Essas implementações devem ser executadas de forma assertiva e estratégica para que tenham sentido e conquistem a eficácia na execução. As lawtechs, ou legaltechs, usam a tecnologia para trazer mais eficiência na gestão de documentos, de processos e para dar mais velocidade às diligências jurídicas. Assim como as fintechs chegaram para revolucionar os setores financeiro e bancário no Brasil, as lawtechs também surgiram para contribuir ainda mais para a modernização do mercado jurídico.
(*) – É coordenadora jurídica do pag!.