Heródoto Barbeiro (*)
Há momentos que a disputa política se assemelha a uma guerra. O objeto final é a posse do poder.
O conflito faz parte do jogo democrático desde que transparente, com oportunidades iguais e o acompanhamento dos cidadãos aos seus representados. Essa guerra não pode se basear no logro e na indução ao erro. Mas muitas vezes não há limites éticos para a posse do poder. Por isso uma das táticas é a capacidade de fingir. Uma ferramenta útil, imprescindível quando se quer ganhar a qualquer custo, nem que seja necessário usar as armas mais primitivas como a mentira, a calúnia e a corrupção.
Felipe da Macedônia, pai de Alexandre Magno, dizia que não havia muralha que resistisse a passagem de um burro carregado de ouro. Ou seja porque arriscar os soldados a escalar uma enorme barreira, se do outro lado há pessoas capazes de abrir os portões à noite? Assim, se for capaz de atacar o adversário, finja que está incapaz. Espere que ele baixe a guarda e aplique o mais forte golpe que é capaz de produzir. Nem que para isso seja necessário inventar, caluniar, execrar o adversário.
Um bom dossiê sobre ele e sua família também ajuda. Especialmente se tiver filhos menores e jornalistas sabujos que publicam qualquer coisa desde que haja alguma recompensa. Uma tática para iludir o adversário é fingir imobilidade, quando, na verdade se está em movimento com suas tropas. Divulgar que não é candidato e procurar votos e granjear apoio. Viajar por todo o país com passagens e hospedagens pagas pelos contribuintes parvos e aparvalhados. Assim, pode estar bem próximo do inimigo, digo, adversário, e ao mesmo tempo parecer que está muito longe. Vai ser mais fácil surpreendê-lo. Todavia se ele estiver longe, finja que está bem perto.
Não esqueça de atraí-lo para o seu campo com iscas eficientes, como promessa de apoio, desinteresse pelo cargo em disputa, solidariedade ao desejo dele, comprometimento com o interesse público e outros temas que fazem sucesso tanto nas mídias como nas conversas ao pé da orelha. Por isso, prepare-se para enfrenta-lo quando se sentir mais seguro , mas se ele estiver muito forte, evite-o. Espere o melhor momento. A pressa é inimiga também da vitória. Avalie o temperamento do adversário, se for colérico, irrite- o o mais que puder.
Faça com que perca o senso e comece a fazer bobagens, não esqueça de divulgar na mídia. Os amigos não apuram noticias, divulgam o que o chefe quiser. Arrogãncia também atrapalha o caminho da vitória. Se perceber essa característica no adversário encoraje o seu egotismo, elogie o mais que puder. Pague uma claque para que o acompanhe e não deixe nenhuma promessa dele sem aplausos e slogans da campanha política. Ele deve ficar inflado como um sapo com um cigarro na boca.
Se notar que a equipe dele está bem preparada e unida, espalhe o boato, dissemine mentiras, jogue uns contra os outros, divulgue o derrotismo o mais que puder. O bote final pela conquista do poder é saber o momento certo que o adversário está despreparado e surgir de onde não se é esperado. Como uma candidatura alternativa, ou uma troca de comando do governo urdida habilmente. É assim que pensa um estrategista, aquele que está no jogo político não com os olhos voltados para o próprio umbigo, mas a cabeça erguida dos que são capazes de pensar estrategicamente.
Essas táticas aqui descritas não são formuladas antecipadamente, porque a conjuntura política muda sempre, como o formato das nuvens. A união de estratégia e tática é o menor caminho para a vitória (Com a colaboração de Sun Tsu e reda sua a Arte da Guerra).
(*) – É âncora e apresentador do Jornal da Record News e editor do blog no R7 ([email protected])