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Dez passos para vencer a crise econômica

em Opinião
segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Gilberto Miyamoto (*)

 

1. Concentre-se no que você pode e deve fazer – Você não controla os gastos do governo, a taxa de juros, os índices de inflação ou as decisões de compra do mercado. Deveria, portanto, parar de culpar a Dilma Rousseff, o PT, o dólar, os bancos ou a falta de clientes pelos seus problemas. Isto só toma tempo precioso, gasta energia inutilmente e não resolve nada. Entretanto, você pode e deve cuidar tanto da sua empresa quanto da sua saúde físico-mental-espiritual. Siga os nove passos abaixo, aja antes de acontecer o pior e assim saia mais forte dessa crise!

2. Decida com base na p´rojeção dos seus fluxos de caixa – Em tempos de crise, mais do que nunca, vale o ditado “cash is king”, ou seja, o dinheiro é que manda! Cada centavo é importante, porque a crise econômica do Brasil é muito grave, será longa e deve piorar antes de começar a melhorar. Projete todos os fluxos de caixa de forma conservadora, para tomar decisões sobre gastos e investimentos baseadas nas suas mais prováveis disponibilidades futuras de caixa, sejam elas provenientes de receitas de vendas, aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos.

3. Avalie o resultado mensalmente e pela competência – Prejuízo ontem significa falta de caixa amanhã. Como num câncer, quanto antes os problemas (prejuízos) forem identificados, com mais certeza e rapidez eles poderão ser eliminados. Mas essa análise mensal deve ser feita pelo regime de competência, no qual todos os custos e despesas relativos ao mês precedente são considerados, mesmo que tenham sido pagos antecipadamente ou ainda o serão no futuro.

4. Saiba onde sua empresa está ganhando ou perdendo – Uma laranja podre pode estragar todas as outras do mesmo saco e uma simples gripe mal curada pode se transformar numa pneumonia. Da mesma forma, uma unidade de negócios deficitária pode levar toda empresa à insolvência. Por isto, é importante analisar o resultado mensal (margem de contribuição) de cada uma delas, sejam contratos, linhas de produtos ou lojas, a fim de agir diretamente no problema.

5. Renegocie com seu banco, fornecedores e funcionários – Sempre é possível renegociar condições contratadas, mas especificamente na grave crise econômica em que nos encontramos, com forte queda de vendas, desemprego, estoques altos e muitos imóveis vagos, é aconselhável e possível conseguir melhores preços e benefícios. A alternativa para os fornecedores em não negociar é perder o cliente, bem como a receita correspondente.

6. Corte, mas sem prejudicar o desempenho operacional – Em momentos de crise, é importante cortar despesas e custos fixos, se possível, na proporção da redução permanente das vendas e de acordo com a margem de lucro desejada. Lembre-se de que pode custar bastante caro esperar demais para realizar os cortes. Entretanto, é fundamental analisar cuidadosamente os cortes de tal forma a não impactar negativamente a qualidade da entrega, a produtividade dos colaboradores, os seus diferenciais e a possibilidade de voltar a crescer.

7. Tenha um planejamento financeiro e fuja do cheque especial – Atualmente, dependendo do banco, as taxas de juros do cheque especial e do parcelamento do cartão de crédito chegam a 13,5% ao mês, o que equivale a 357% ao ano. Em termos práticos, R$ 1mil de dívida no cheque especial tornam-se R$ 4.570 depois de um ano! Nenhum negócio dá tanto lucro! Portanto, se sua projeção de fluxos de caixa mostrar que terá um furo de caixa por um longo período, contrate dívidas mais baratas, tais como financiamentos do BNDES, arrendamento mercantil e empréstimos parcelados.

8. Diversifique sua base de clientes e receitas – A outra parte da equação para superar a crise é aumentar a receita de vendas. Para isto, você deve inovar nos produtos, serviços e canais de distribuição, aumentar as vendas para os mesmos clientes e buscar novos clientes em outros mercados ou segmentos, incluindo-se a exportação. É claro que tudo isto exigirá investimentos e mais trabalho, mas, se você tem produtos e serviços vencedores, um bom planejamento levará ao sucesso nessa empreitada.

9. Faça exercícios físicos, como de forma saudável e durma bem – Tempos de crise podem prejudicar sua saúde porque aumentam o desgaste emocional e o nível de estresse. Para se proteger dessas ameaças, você deve se exercitar regularmente, comer saudavelmente e dormir o suficiente todos os dias. Essas atitudes diárias ajudarão a manter uma mente equilibrada e saudável, a qual é fundamental para tomar decisões inteligentes e vencer esse período difícil.

10. Mantenha suas finanças pessoais e familiares sob controle – É fundamental que você retire da sua empresa, além do pró-labore, apenas e tão somente a sobra de caixa, ou seja, aquela que fica depois do pagamento de todos os gastos, compras, despesas, dívidas e capital de giro líquido. Caso contrário, você contribuirá para aumentar o endividamento, o pagamento de multas e os riscos de inadimplência, muitas vezes para consumir luxos e supérfluos incompatíveis com o momento econômico.

(*) – Engenheiro de produção (Poli/USP), Master of Business Administration (IMD/Suíça), professor de estratégia, finanças e planejamento e diretor executivo da Miyamoto & Cia., consultoria que ajuda empresários e executivos a tornar seus negócios mais rentáveis e competitivos.