Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Enfrentamos um desarranjo global na gestão pública. Os líderes se afastam da ideia de que são responsáveis por imprimir melhora geral na qualidade humana e nas condições gerais de vida.
Crescem as despesas, falta bom senso. O aumento populacional gera um aumento de encargos e problemas que se agravam com a falta de bom preparo para a vida e integração com a natureza, permanentemente atacada pelo imediatismo. O grande desequilíbrio global na produção, comércio, empregos e consumo está se agravando.
A OMC, o FMI, a ONU, todos teriam de olhar para isso e encontrar meios de restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro entre os países para que sejam evitadas as guerras comerciais pelos mercados e o progresso se faça sem os atuais desníveis que aumentam a miséria e pobreza, com igualdade de oportunidades, mas sem o paternalismo nefasto do manto do Estado.
O Brasil, um parceiro frágil, está sendo condenado exatamente em que? Em defender empregos ou empresas? O que a OMC diz de países cuja mão de obra não perde tempo no transporte porque dorme no emprego e não se preocupam com a preservação da natureza e sustentabilidade? No embate pelo poder econômico, a situação mundial é grave.
China e Estados Unidos compartilham os mercados, mas a China dispõe de população preparada internamente e nas universidades do mundo; acumulou capital e desenvolveu eficiente parque industrial. A influência dos EUA no comércio internacional vai se reduzindo e as consequências para o povo americano são imprevisíveis.
Está surgindo nova plataforma de comércio entre os países, alimentada pela necessidade de matérias básicas e oferta de industrializados com preços baixos. O Brasil corre o risco de se perpetuar como fornecedor de primários com efeitos sobre o progresso e a qualidade de vida, a menos que tenhamos estadistas lúcidos e sinceros para realizar barganhas equilibradas que possibilitem evolução.
A China mantém considerável montante de superávit da balança comercial. Uma boa soma para investir pelo mundo. Qual será a tendência para o futuro da economia mundial? China injeta dinheiro. Qual é o efeito sobre o país destinatário? Como recupera o valor investido? A transação traz ganhos para os dois lados?
O Brasil afundou na dívida e no despreparo das novas gerações, o que torna a situação ainda mais difícil, mas isso está sendo deixado para depois. Com primarismo, improvisação e incompetência mais de 80% dos municípios encerraram 2016 em situação fiscal difícil ou crítica. Apenas 13,8% das prefeituras foram consideradas de boa gestão.
Como o Brasil poderá promover dinamismo na economia apesar da dívida e sua projeção maligna? Não faltam candidatos cobiçando a presidência em 2018. Falam no controle do déficit e da dívida nos próximos cinco anos, no ajuste da previdência, mas não se dedicam a um plano sério de renascimento e recuperação do país.
O egoísmo e a vaidade dominam o cérebro atordoando a boa vontade. Para promoverem pseudo-estadistas não vacilam em vender tudo, mesmo que não lhes pertença. Estão apagando o fogo dos escândalos, mas precisamos de planos que promovam a recuperação geral e renascimento do país.
A visão de melhor futuro depende da qualidade dos líderes, dos estadistas, da boa educação e preparo da população. Além disso, é necessário que o mercado interno seja fortalecido e haja dinheiro circulando naturalmente, coisa sempre escassa no Brasil de juros altos e baixa escolaridade.
Precisamos estabelecer alvos nobres que tenham como prioridade a melhora geral das condições de vida no planeta e aprimoramento da nossa espécie.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).