Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O interesse fundamental dos estadistas e empresários deveria ser a busca da melhora geral.
Há algo muito errado na estruturação da globalização que deveria provocar o fortalecimento e não a ruína econômica dos países e a de seus cidadãos que, impotentes, perdem o trabalho e a capacidade de consumir. O Brasil está encolhendo e regredindo. A produção de tecidos, calçados e tantas coisas mais declinaram. Muitas indústrias se converteram em importadoras e agora dançam com o câmbio mais realista. Aqueles que se aventurarem a produzir para reduzir importações e gerar empregos devem merecer um projeto de desoneração.
Que futuro poderemos ter nesse ambiente de decadência geral e desmotivação? O interesse fundamental dos estadistas e empresários deveria ser a busca da melhora geral. Na civilização verdadeira, o ser humano deveria utilizar a capacitação que lhe é inerente e cumprir o dever de alcançar o máximo desenvolvimento através de esforço incansável para construir e beneficiar o todo, em vez de formar um ambiente doentio de manipulação e decadência que entorpece e enfraquece a alma, anulando a vontade própria e a iniciativa.
O “financeirismo” globalizado tomou o comando da economia com a insensibilidade do dinheiro. Por trás dele estão os homens e suas aspirações que colocaram o dinheiro acima da natureza. E este não tem base real; de meio foi guindado a fim, causador de caos. A riqueza real procede da natureza que através do trabalho tem custeado todas as jogadas astutas. Uma escura nevoa teórica oculta a verdade. Eleições cada vez mais caras. Sistemas políticos complicados. Algo muito errado no país e na estrutura da globalização que deveria provocar o fortalecimento, não a ruína econômica de seus cidadãos.
O planeta Terra não é mais do que um pontinho na grandiosa Via Láctea. O ser humano também não passa de um pequeno grão nessa engrenagem, mas tem a capacitação e o dever de alcançar o máximo desenvolvimento através do seu esforço incansável para construir a melhora e beneficiar o todo. O mundo necessita de estadistas com essa vocação.
Há muito dinheiro e liquidez, e muitas dívidas que fazem perder a visão clara da economia real. Essa situação está evoluindo, mas não há a percepção para onde isso vai desembocar. Alquimia financeira? Os juros figuram como o vilão, mas não podemos esquecer a forma relaxada no trato do dinheiro público oriundo dos impostos pagos pela população, como se fosse dinheiro sem dono para ser utilizado ao bel prazer, em beneficio de uma minoria.
No Brasil, falta disciplina nos gastos em todos os níveis de poder. Orçamentos são peças de arranjos, mas deveriam ter como meta o melhor ordenamento dos gastos e receitas para bem servir ao país. Quanto aos juros, a situação é obscura. Os Estados Unidos manteve a zero por longo período, Japão colocou a negativo, mas no Brasil ocorre esse percentual alucinado. Há no mundo um colossal volume de dinheiro parado. Caem os juros. Há um desarranjo na economia global sem solução diante de tantos interesses antagônicos consolidados. Falta simplicidade e o desejo de que se promova um desenvolvimento harmônico com oportunidades para todos os povos.
A globalização trouxe alguns imprevistos imediatistas que favoreceram a concentração e a redução dos empregos. Sem empregos a esperança vai embora. O empreendedorismo veio como panaceia num mundo sem empregos, porque ainda não foi encontrada, pelo “financeirismo”, a fórmula certa do bom aproveitamento das potencialidades de cada jovem, embora haja tantas coisas a serem feitas.
No entanto, de grande valor para os jovens são as orientações para aprendizado contínuo, autoconfiança, perseverança e busca da melhora geral.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Conversando com o homem sábio; Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; e O Homem Sábio e os Jovens ([email protected]).