Mateus Azevedo (*)
Imagine que você vive em uma ilha com mais alguns habitantes. Cada um demora em média 12 horas para pescar um peixe que deverá manter vivo uma pessoa por apenas um dia.
Certa vez, um morador, preocupado em não poder pescar caso ficasse doente, teve uma ideia: se ele comesse apenas metade de um peixe por dia, teria tempo livre para inventar um artefato que lhe permitisse pescar mais peixes de uma só vez. Ao abrir mão do consumo imediato, ele conseguiu desenvolver uma vara de pescar. Com ela, passou a pegar três peixes por dia. Outros pescadores se animaram e ele começou a receber encomendas do artefato. Em pouco tempo, ele deixou de pescar e passou a se dedicar somente à fabricação das varas para outros pescadores, recebendo peixes em troca.
Porém, o acesso de todos os pescadores às varas gerou um problema: o excesso de peixes na ilha. Era preciso fazer algo além de pescar peixes. Assim, inspirados pela invenção da vara e pela sobra dos peixes, alguns pescadores abandonaram a atividade e migraram para outras: passaram a criar cadeiras, construir casas, em uma palavra: inovar. A ilha agora tem alimentos mais diversificados e acessíveis, além de vários outros objetos, o que tornou seus habitantes mais satisfeitos e felizes.
O conto acima é um modo simplificado de entender a importância dos avanços tecnológicos e seus impactos na história. As mudanças, os avanços acontecem hoje o todo o tempo e em todos os lugares e muitas vezes passam desapercebidos. Somente teremos dimensão delas com o passar do tempo, com um olhar para trás. Foi assim com as revoluções. Quando elas aconteceram, ninguém se deu conta do quão relevante e impactante elas seriam.
A Revolução Industrial, por exemplo, teve início na Inglaterra, entre os anos de 1760 a 1860, estendendo-se à Alemanha, França, Rússia e Itália somente a partir de 1860 até 1900. Já entre o século XX e XX!, temos outra revolução, a Tecnológica, com a invenção do computador, fax, engenharia genética e celular, entre outras inovações.
E hoje, estaríamos vivendo uma dessas revoluções que marcarão a humanidade para sempre? Há poucas semanas, foi realizada em São Paulo mais uma edição da Futurecom, uma das maiores feiras de tecnologia da América Latina. Algumas das novidades: um drone fumigador com capacidade de pulverizar uma área específica, sem afetar outras áreas de cultivo. Ou um drone que é capaz de detectar possíveis alterações no solo.
Para o trabalhador da indústria, veja que interessante: uma espécie de adesivo que, acoplado ao capacete, identifica se todas as medidas de segurança foram tomadas. Os chamados “TAG RFID” desenvolvidos pela T-Systems, filial da Deutsche Telekom, estão conectados a um sistema que comunica ao trabalhador as ferramentas que ele precisa para executar uma tarefa. A plataforma obrigará o operário, por exemplo, a colocar óculos de proteção e fones de ouvido e, depois de verificar se ele está qualificado para fazer esse trabalho, liberará a operação, conforme mostra reportagem do UOL.
Na área da saúde, a Logicallis desenvolveu um dispositivo que, acoplado às ferramentas cirúrgicas, não permitirá que uma gaze ou pinça seja esquecida dentro do paciente (ou seja, uma falha humana gravíssima, que pode levar alguém à morte, sendo evitada pela tecnologia).
Como afirma o fundador da Oracle, Larry Ellison, um dos maiores ícones do mercado de tecnologia, a inteligência artificial vai revolucionar o mundo. Ou seja, estamos a ponto de viver mais uma revolução (ou já estaríamos vivendo?). Em sua palestra de abertura do Oracle OpenWorld 2017 – evento realizado anualmente em São Francisco, EUA, ele disse: “O machine learning e a inteligência artificial serão tão revolucionários como a internet foi um dia”. E ainda “Machine learning fará com que as pessoas deixem de fazer trabalhos operacionais e tenham mais tempo para inovar”.
Também começamos a viver a era das moedas virtuais que trouxe a revolução das estruturas globais descentralizadas graças ao blockchain. Quantas outras revoluções ainda virão? Impossível prever, bem como também é impossível permanecer estagnado mediante as transformações. O que é preciso fazer é viver cada uma delas e, se possível, antecipar-se ao que virá para tirar o melhor proveito de tudo.
Você já inventou alguma coisa hoje?
(*) – Formado em Administração pela ESPM, é sócio da BlueLab e responsável pela Diretoria de MKT e Vendas.