Gabrielle Teco (*)
Durante estes quase dois anos de pandemia, o mundo tem vivido grandes reviravoltas no que diz respeito às relações sociais e no modo como se faz negócios em um lugar onde tudo que precisava ser presencial, se mostrou não tão necessário assim. De verdade, a covid-19 mostrou às marcas e pessoas que é possível se comunicar de forma eficiente mesmo estando longe e mais do que isso, que a “digitalização” que antes muitos criticavam nas rodas de almoço, nos deixou mais próximos e humanos.
É sobre isso que se trata o futuro da comunicação das marcas e seus potenciais clientes no pós-pandemia – a nova experiência de consumo, a nova estrutura econômica, com mais carinho e cuidado. Temos agora uma oportunidade para fazer as coisas de forma diferente e construir negócios melhores, que sejam mais sustentáveis, resilientes e inclusivos.
Uma pesquisa publicada pela Egon Zehnder, mostrou que o consumidor busca por fontes de segurança e conforto, se voltando àquilo que conhecem e confiam, atrelado à procedência, autenticidade e significado, ou seja, o conceito do propósito (que tem sido buscado há anos pelas corporações) nunca foi tão evidente.
Outro estudo feito pela MacKinsey, 40% dos brasileiros estão fazendo mais compras online durante a pandemia, 40% pretendem continuar a fazer mais compras online e 35% pretendem diminuir idas a lojas físicas. Um comportamento já esperado pelo mercado, apesar de diversos especialistas afirmarem que o consumidor está “louco” pela volta ao mundo real.
De fato, sim, mas não da forma que se prega. As pessoas querem o contato mais humanizado, mais cuidadoso e elaborado, o que não significa que ele precise ser sempre presencial. Os megaeventos, com stands enormes e palestras de uma hora, deram lugar à simplicidade da casa, da poltrona, da cadeira, onde tudo isso pode ser visto e acompanhado online, tomando um bom café que está ali ao lado.
O mercado de marketing é um dos que mais tem sentido essa mudança, já que se reduziu o espaço para campanhas projetadas daqui 18 meses, afinal, o cliente quer ações concretas no agora, com mais inovação e criatividade. Isso se trata de uma construção de um relacionamento próximo com o seu consumidor por meio de conteúdos que o provoquem!
Que sejam do interesse dele, mas que o faça pensar, estar bem informado, enfim, criar uma relação de “confiança e segurança”. As marcas, neste novo cenário, precisarão desenvolver ações mais precisas, uma vez que, no contexto da “economia da atenção”, onde captar a atenção do público é cada vez mais desafiador, se destaca quem consegue ser cirúrgico.
Não é realizar mais ou falar mais alto. É ter uma comunicação com mais foco em experiências, que estabeleça laços próximos e afetivos com seus consumidores e que, seja no mundo físico ou digital, traga memórias associativas positivas.
(*) – É CEO da Qura, hub especializada em curadoria de conteúdos para empresas e executivos (www.quraeditora.com.br).