Ricardo Sabatine (*)
A tecnologia tem sido cada vez mais utilizada nas empresas de diferentes portes e segmentos, com o objetivo de automatizar processos internos, reduzir custos, otimizar a tomada de decisão, aumentar o controle de qualidade e melhorar a eficiência operacional. A partir disso, muitas soluções vêm surgindo, todos os anos, para serem implementadas nos negócios, como é o caso da Inteligência Artificial, que está se destacando nesse ecossistema em uma velocidade exponencial.
De acordo com o relatório Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, 75% das companhias entrevistadas estão implementando a IA ou estão se programando para isso. Já o levantamento feito pela KPMG, feito com 17 mil pessoas localizadas em 17 países, aponta que 56% dos brasileiros entrevistados disseram que confiam em Inteligência Artificial. Segundo um estudo da Universidade de Stanford e do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) divulgado neste ano, o uso dessa tecnologia tem proporcionado um aumento de 14% na produtividade do trabalho dos colaboradores. Isso pode ocorrer em diferentes áreas de uma companhia.
Na área de Proteção e Privacidade de Dados, esse movimento também tem se intensificado principalmente depois que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor, em agosto de 2020, implementando normas que visam regulamentar o tratamento dos dados pessoais no meio físico ou digital. Seguindo esse contexto, os gestores e líderes precisam criar estratégias e adotar processos contínuos e que garantam que as empresas estejam em conformidade com a lei.
No entanto, uma das grandes questões envolvendo Inteligência Artificial é a possibilidade dela de fato substituir o trabalho humano em um futuro próximo. E é aqui que se encontra a necessidade de haver uma mudança de paradigma quanto ao que a IA pode oferecer e fazer para os profissionais e empresas.
Um ótimo exemplo para abordar esse ponto é justamente o trabalho do DPO (Data Protection Officer) nas empresas que estão em processo de adequação à LGPD. Até hoje, a grande maioria realiza esse projeto manualmente por meio de planilhas, o que é um claro impeditivo para escala, produtividade e continuidade do processo. Para um DPO, a partir do momento em que as tarefas são automatizadas, a equipe tem mais tempo para trabalhar aquilo que gera valor.
Uma vez que a IA adiciona o fator escala, eficiência operacional, redução de esforço repetitivo e assertividade nas análises, é contra intuitivo pensar que não há uma mudança de patamar realmente muito positiva e valiosa do trabalho, o que potencializa os resultados.
E isso fica evidente quando nos deparamos com a situação prática do dia a dia do DPO, onde algumas etapas do processo de adequação da LGPD consomem muito tempo dele ou do usuário final. E a realidade é que existem plataformas de gestão para adequação à LGPD que automatizam etapas e utilizam a inteligência artificial no processo de mapeamento, proporcionando agilidade para o DPO e usuário final.
Por isso, a IA tem um importante papel nas organizações, auxiliando na adequação à LGPD. Por meio dessa tecnologia, é possível entender a finalidade do processamento de dados, auxiliar na identificação e classificação, bem como reconhecer e priorizar as áreas mais críticas em termos de risco de violação, possibilitando a implementação de medidas de segurança mais adequadas. Além de garantir que o trabalho do DPO seja muito mais estratégico e assertivo.
Concluo que a inteligência artificial traz vantagens significativas para os setores envolvidos com o processo de adequação à LGPD, em especial para DPO, como ganho de escalabilidade, melhor performance operacional, aumento da produtividade, capacidade de manter a qualidade e eficiência do trabalho mesmo em momentos em que há alto volume de dados. Portanto, é imprescindível que as empresas invistam em soluções com essa tecnologia, pois ela oferece muitos benefícios para o dia a dia dos colaboradores.
(*) É CTO da DPOnet.